««««««
“ Carl Schmitt definia a política como aquele campo da ação humana onde, não sendo possível nenhuma arbitragem racional das divergências, só resta a pura luta pelo poder, a arregimentação dos "amigos" contra os "inimigos", sob a bandeira de uma "decisão", de um ato de vontade indiscutível e inquebrantável. ”
(…)
“ Quando aquilo que era "anormal" nas épocas "normais" se torna a norma de uma política diabólica, a história voegeliniana das ordens se torna a descrição schmitiana da desordem reinante. “
»»»»»»
Não sou pária nem estou parado,
vivo o meu tempo com a pressa da civilização urbana contemporânea na irracionalidade da estupidez da inteligência política materialista,
sempre em sintonia e no comum acordo das partes democráticas no plateau.
Também não sou Cidade,
sou Aldeia Grande,
aquela comum com a generalidade banal da vida coletiva das pessoas,
numa resposta breve e certa a puras estratégias de geografia político-partidária misturada pela regulamentação pouco simétrica do campus do jogo.
E não obstante todos os sentidos transcendentais em moeda corrente envolvidos na música do nosso contentamento continuo a ser apostólico e romano por conveniência de serviço (…),
mas às vezes tenho dúvidas ideológicas na significância do “resto” da frase.
De facto, poderão parecer imagens (minhas) falaciosas de “sentimentos deprimidos”,
nas opiniões profissionais de génese intelectual discutível,
mas na verdade e a sério apenas indignação em voz alta em conversas de prazer com pessoas inteligentes,
como tu és,
numerado de raiz em capicua de formato insidioso,
sempre sério e sorridente com as revoltas do despudor político de quem não conhece a verticalidade do pensamento uno e coletivo com a grande comunidade de pessoas que formam o campus humano da Sociedade Pós-Moderna.
E eu sei que esta prosa será, em variação de manobra defensiva de receio sempre omnipresente com a efervescência da revolta, a mais pura “conversa da treta” mas também, por um outro lado bastante incómodo e “urticário” a mais pura verdade “de los factos” disponíveis à vista desarmada.
E deve entender-se (nesta leitura) a Sociedade Moderna situada no tempo histórico do Estado Novo com as suas peripécias de “terra pós-queimada”,
no ainda rescaldo posterior à “antiguidade clássica” dos impérios nobiliárquicos da monarquia liberal,
numa classificação um tanto empírica quanto genuína no sentido estético do Significado Político sempre emergente e permanentemente pós-moderno, tudo com notável clareza no sentido mais elevado daquela “pop music coimbra invader”.
{naturalmente pelo direito normal adquirido em provas de resiliência intelectual dura e complicada, e por essa via direitos sérios, incontroláveis para a ordem natural e normal das “coisas”, e bem-feitorias pouco normais e inatingíveis a “gente do povo real”}
[…]
Palavras esquisitas para decifra interessada em charadas de inteligência humana.
[…]
Este país político pode perfeitamente ter uma catalogação de “Biafra Ideológico” tal a dimensão da pobreza de espírito da prática política operacional e corrente nas mais elevadas instâncias de decisão do Estado,
pela amostragem das ONG da política portuguesa nas diferentes “companhias de governo” que excelente teatro produzem a diferentes níveis da altitude organizacional do Estado e da Nação Portuguesa.
Tudo muito elevado em cantorias que vão fazer história para as gerações vindouras “talvez” como jurisprudência de uma Nova Ordem política e social com a qual as “pessoas de bem do Estado” vão ter que aprender a viver e a conviver em alegre e salutar osmose dos profundos sentidos políticos e estratégicos.
[de facto, da população adulta quem não viu aquela produção celestial de Nagisa Oshima chamada “O Império dos Sentidos” (1976) que nesta história lusitana poderia perfeitamente ter expressão real numa visão em profundidade (também ela celestial) de Revolução AD Eternum intelecto-belicista de “Abril de 68” ??...]
[…]
É curioso que a maior revolta que eu vi na minha jovem vida foi a “Revolta do Infralhão” que pôs fim a um ano de praxe pura, dura e violentamente militarista nos “campos de algodão” de uma Angola Colonial em exposição itinerante na Amadora (…).
(houve séria lambada, música brasileira que fez moda)
Enfim, conversas parvas e animadas contigo, besta inteligente (!!).
[…]
Como sempre sugiro uma leitura saudável e higiénica para o cérebro, neste caso sobre a Fisiologia da Revolta no “Paraíso Humano do Éden”.
Boa leitura.
§§§§
/ §§§§
ANEXO –
LEITURA BIBLIOGRÁFICA:
………………..
“…
de:
Ordem e
desordem
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 18 de dezembro de 2008
Diário do Comércio, 18 de dezembro de 2008
Carl Schmitt definia a política como aquele campo da ação humana onde, não sendo possível nenhuma arbitragem racional das divergências, só resta a pura luta pelo poder, a arregimentação dos "amigos" contra os "inimigos", sob a bandeira de uma "decisão", de um ato de vontade indiscutível e inquebrantável.
Para Eric Voegelin, no entanto, a política é essencialmente a busca da ordem, a permanente tentativa de construir e reconstruir, num microcosmo humano, aquilo que a consciência dos homens espiritualmente mais ativos, em cada época, possa ter discernido como Lei Divina, ordem cósmica, sentido da existência, etc.
Alguns estudiosos acham essas duas visões excludentes e incompatíveis. Os que simpatizam com Voegelin veem na definição de Schmitt não a descrição de uma realidade objetiva, mas a expressão sintomática da própria desordem dos tempos. Na sucessão histórica dos modelos de ordem conhecidos pelas várias sociedades humanas – a qual Voegelin diz que nem sempre é uma sucessão, mas às vezes uma simultaneidade confusa –, o modelo predominante nos tempos modernos é a ilusão gnóstica de um apocalipse terrestre, de uma mutação mágica da própria natureza humana, a ser operada não por uma intervenção divina quando da cessação dos tempos, mas aqui e agora, pela ação deliberada das massas sob o comando de intelectuais iluminados.
Mas, precisamente por isso, o conceito schmitiano da política não tem de se opor ao ensinamento de Voegelin, não tem de ser reduzido a um grito de revolta do doutrinário gnóstico contra a ordem divina.
Sendo indiscutivelmente isso sob certo aspeto, sob outro ele é uma descrição precisa de uma das formas principais de perversão que a política pode assumir quando inspirada na revolta gnóstica.
Nesse sentido, ele pode ser reinserido na visão abrangente de Voegelin sem contraditá-la no mais mínimo que seja. Esse conceito, de fato, exige que se retire da política muito daquilo que dela faz parte inerente, como por exemplo a "persuasão racional" que os retóricos antigos viam como o objetivo próprio da sua arte ao mesmo tempo em que entendiam esta última como o instrumento por excelência do político.
Na perspectiva schmitiana, a redução da persuasão à manipulação de sentimentos irracionais torna-se inevitável, mas quem negará que em certos momentos essa redução efetivamente acontece no reino dos fatos, criando uma espécie de política que é realmente schmitiana e pode portanto ser perfeitamente descrita nos termos de Schmitt?
A rebelião gnóstica e messiânica contra a ordem divina trancou as almas – e a política que elas fazem – no recinto exíguo da ação imanente, onde tudo o que resta a fazer é criar uma ideia e subjugar ou matar os que dela discordam. Os únicos instrumentos de ação que restam nessas circunstâncias são a manipulação e a violência.
A persuasão racional está excluída por hipótese. A política torna-se um reino diabólico, onde o Príncipe das Trevas se delicia na contemplação de esforços histórico-sociais tanto mais gigantescos quanto mais inelutavelmente condenados ao fracasso.
Essa política é o contrário do que Platão e Aristóteles chamavam de política, mas é, cada vez mais, a única política que temos. A teoria política de Schmitt está para a de Voegelin como a patologia está para a fisiologia, ou melhor, como a patologia de uma doença em especial – a mais disseminada de nosso tempo – está para a fisiologia geral.
Não há contradição entre elas, há apenas uma mudança de escala. Curiosamente, ambas essas filosofias políticas nasceram do impacto de uma mesma experiência: o advento das ideologias totalitárias de massa.
Schmitt fez desta experiência um modelo para a descrição de toda e qualquer política. Por um lado, isso é um exagero monstruoso porque resulta em espremer dentro dos parâmetros da modernidade a política de todas as eras e quadrantes.
Mas por outro lado é impossível deixar de reconhecer que a ameaça potencial dessa redução está presente em todas as políticas de todas as épocas, bastando uma leve descida do nível de consciência para que a persuasão racional se torne impossível e comece a guerra dos “amigos” contra os “inimigos”.
Foi isso que Clausewitz quis dizer quando definiu a guerra como “a continuação da política por outros meios”. Se nem toda política é guerra, a possibilidade permanente de transformar-se em guerra é uma das condições mesmas para que a política seja o que é e não se reduza a uma quente troca de ideias entre amigos.
Voegelin, por seu lado, buscou as origens da desordem moderna no próprio esforço humano milenar de construir uma ordem.
Ele não investigou o que a política tem de diferencial e específico, mas a raiz que ela tem em comum com os mais altos esforços humanos em todas as áreas da existência.
No reino de Satanás, não existem, com efeito, nem a ordem divina, nem as inspirações providenciais que permitem, às vezes, fazer da sociedade humana uma imagem do Logos eterno.
Ao mesmo tempo, a sucessão das ordens está viciada na base pela tentação gnóstica, que não é só um acontecimento histórico ocorrido numa certa data, mas um handicap estrutural permanente, apenas mantido sob controle quando possível.
Quando aquilo que era “anormal” nas épocas “normais” se torna a norma de uma política diabólica, a história voegeliniana das ordens se torna a descrição schmitiana da desordem reinante.
…”
………………..