terça-feira, 31 de maio de 2011

DO ESCLAVAGISMO EM SI, OU A HISTÓRIA DA CULTURA ESCLAVAGISTA (parte 2)

http://fjjeparreira.blogspot.com






Prova-se que esclavagismos há muitos, de diferente forma e maneira, e (essencialmente) com objectivos ecológicos diferentes.


De entre as diferentes formas causa impressão a escravatura entre a espécie humana, talvez pela irracionalidade biológica e política das relações envolvidas entre as “partes outorgantes” de um negócio irreal porque inexistente na sua concepção formal;


Ou seja, a Lei do Mais Forte que determina a sorte e o destino dos fracos, e por isso mesmo oprimidos por um sistema sem base legal de funcionamento que não seja a arbitrariedade da superioridade biológica, política ou racial.
Estados Virtuais, portanto, na sua base legal institucionalizada e estratégica.



(…)



Os Ingleses foram o primeiro “Povo” do mundo a Abolir a Escravatura, e fizeram ainda mais, lutaram e fizeram guerras (durante quase dois séculos) para que outros povos e outras terras fizessem o mesmo – abolissem a escravatura entre a espécie humana;


Tal situação saiu-lhes cara e foram combatidos em todos os continentes aonde tinham impérios coloniais, com relevo para África, América e Europa.


Portugal aboliu a escravatura um século depois dos ingleses e fomos directamente compelidos a essa “Atitude Política e Racial” por acção política, estratégica e militar directa do poder da Coroa Inglesa.


(daí talvez a natureza da nossa revolta histórica materializada em contos e em poesia popular contra os ingleses)



Aliás, impressiona-me pessoalmente que em Portugal se comemore com pompa e circunstância política envolvente e de grande significado a ocorrência da Guerra Peninsular (vulgo Invasões Francesas) sem que se faça referência ao mais importante, crítico e crucial:


_ A questão política principal envolvida no diferendo entre França e Inglaterra (que acabou por envolver Portugal e Espanha através do intento colonial de Napoleão materializado na invasão da Península Ibérica) era exactamente a questão do Comércio Esclavagista que os Franceses queriam manter à força do seu poderio naval contra a conduta política e militar dos Ingleses, que pretendiam abolir a escravatura em todos os domínios da Coroa Britânica (ou seja, em todos os mares e em todos os continentes).



Portanto, os ingleses andam “Nisto” há mais de dois séculos de história, sendo que a grande maioria dos confrontos mundiais políticos e militares da história recente do mundo envolvem directamente a questão política do Esclavagismo e da Escravatura Humana.


Por exemplo, a 1ª Guerra Mundial e a 2ª Guerra Mundial envolvem questões políticas e estratégicas profundamente conotadas com a envolvência sociológica do Esclavagismo e da Escravatura;


A mais poderosa e visível de todas será o “Problema Judeu” e a respectiva “Solução Final” de Adolfo Hitler.



(…)



Mais recentemente, haverá a registar a problemática envolvida nos conflitos nos Balcãs, nas ex-Repúblicas Soviéticas e em Países Africanos que foram colónias de países colonizadores europeus.


[como é o caso de Portugal na Guiné, Angola e Moçambique, da Holanda na África do Sul e Rodésia, e a Alemanha na região dos Grandes Lagos – Ruanda, Burundi, etc.]



(…)




Tudo o mesmo problema Geopolítico e Geoestratégico – a Escravatura Humana e a Cultura Esclavagista envolvente !!





( etc. …………)







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ANEXOILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:

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“…
de:



A escravidão (denominada também escravismo, escravagismo e escravatura) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força.
Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.
O dono ou comerciante pode comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo possa exercer qualquer direito e objecção pessoal ou legal, mas isso não é regra.
Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como mercadoria: na Idade Antiga, haja vista que os escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, isto pois ele eram propriedade do Estado espartano, que podia conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado é que tinha poder sobre eles.
A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior, embora já na Antiguidade as diferenças raciais fossem bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia fortes disparidades fenotípicas.

Na antiguidade também foi comum a escravização de povos conquistados em guerras entre nações.
Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão-de-obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes.
A exploração do trabalho escravo torna possível a produção de grandes excedentes e uma enorme acumulação de riquezas, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e cultural que a humanidade conheceu em dados espaços e momentos:
_ construíram-se diques e canais de irrigação, exploraram-se minas, abriram-se estradas, construíram-se pontes e fortificações, desenvolveram-se as artes e as letras.
Nas civilizações escravagistas, não era pela via do aperfeiçoamento técnico dos métodos de produção (que se verifica aquando da Revolução Industrial) que os senhores de escravos procuravam aumentar a sua riqueza; e os escravos, sem qualquer interesse nos resultados do seu trabalho, não se empenhavam na descoberta de técnicas mais produtivas.
Opinião oposta sobre a produtividade do escravo teve o economista Molinaire, citado pelo deputado Pedro Luís, na sessão de 10 de maio de 1888, na Câmara dos Deputados do Brasil:

_ Molinaire diz que, em geral, o trabalho do liberto é um terço menos produtivo que o trabalho do escravo, sendo necessários dez libertos para os serviços que eram feitos por sete escravos. Dá as razões deste fato e conclui que, na melhor das hipóteses, continuando os libertos todos nos estabelecimentos rurais, teremos uma diferença de 1/3 para menos na produção!



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de:
Esclavagismo é um tipo de relação ecológica entre seres vivos onde um ser vivo se aproveita das actividades, do trabalho ou de produtos produzidos por outros seres vivos.
Existem duas modalidades de esclavagismo:
• Esclavagismo interespecífico
• Esclavagismo intraespecífico
Esclavagismo interespecífico é uma modalidade de esclavagismo quando esse tipo de relação ocorre entre indivíduos de diferentes espécies de seres vivos, exemplos:
• humanos e abelhas
• formigas e pulgões
• esquilos e pica-paus
• fragatas e gaivotas
Exemplo: As formigas cuidam e protegem os pulgões para obter o açúcar deles. Os pulgões são pequenos insectos parasitas de plantas que passam a maior parte do tempo parados, sugando a seiva açucarada que circula pelos vasos liberianos das plantas.
A seiva elaborada pelas plantas possui uma pequena quantidade de aminoácidos mas uma grande quantidade do açúcar glicose, assim para obter a quantidade de aminoácidos que necessitam para formar as suas próprias proteínas, os pulgões precisam sugar uma quantidade exagerada de seiva açucarada de forma que esse excesso de açúcar ingerido precisa ser excretado.
As formigas lambem todo esse açúcar que fica saindo constantemente do abdómen dos pulgões e assim os mantendo sempre limpos e protegidos.
As formigas protegem os pulgões de eventuais predadores como por exemplo as joaninhas que são predadores que gostam de caçar e comer os pulgões.
Por outro lado o açúcar é um importante alimento para as formigas então elas se associam a esses pulgões produtores de açúcar escravizando-os.
As formigas inclusive tratam e protegem os filhotes dos pulgões, cuidam deles, levam eles de um lado para outro para protegê-los em locais mais seguros nos caules das plantas levando-os inclusive para dentro do próprio formigueiro delas onde os instalam junto a raízes de plantas vivas e esses pulgões passam a sugar essas raízes fornecendo açúcar para as formigas até mesmo debaixo da terra, dentro dos formigueiros delas.
O esclavagismo consiste numa relação onde o esclavagista sempre cuida e protege os seres que foram por ele escravizados e nesse exemplo embora exista protocooperação a relação é considerada desarmónica devido a dependência que os pulgões passaram a ter das formigas.
Na protocooperação um sócio não depende do outro para sobreviver mas, nesse caso se as formigas abandonassem os pulgões eles não conseguiriam se defender das joaninhas, seriam todos eles devorados e a espécie deles seria extinta. (…)
Nossa superpopulação de seres humanos pratica o esclavagismo em praticamente todas as actividades agropecuárias e em todas as áreas da zootecnia. Todas as actividades de domesticação feita pelos humanos são relações de Esclavagismo Interespecífico, exemplos: apicultura, aquicultura, avicultura, bovinocultura, caprinocultura, cunicultura, equinocultura, ovinocultura, sericicultura, suinocultura.
Apicultura: Relação onde o homem cuida e protege as abelhas para obter diversos produtos como o mel, cera de abelha, própolis, geléia real, pólem além é claro do precioso trabalho de polinização feito pelas abelhas em suas lavouras e pomares.
Ranicultura: Relação onde o homem cuida e protege as rãs para obter produtos como a carne de rã, o couro de rã além é claro obter o precioso trabalho das rãs que é o de comerem insectos nocivos ao homem.
Bovinocultura: Relação onde o homem cuida e protege os bovinos para obter produtos como a carne bovina, o leite, o couro, os ossos e outros produtos derivados dessa nossa relação com os bovinos. (…)
Esclavagismo intraespecífico é uma outra modalidade de esclavagismo que ocorre quando esse tipo de relação se desenvolve entre indivíduos da mesma espécie, exemplos:
_ O leão "macho alfa" do bando é um esclavagista porque se aproveita do trabalho das leoas. A hiena "matriarca" do bando é uma esclavagista porque se aproveita do trabalho do bando. O homem é ou já foi esclavagista se aproveitando do trabalho de escravos humanos.
(…)
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de:
Nas comunidades bióticas dentro de um ecossistema encontram-se várias formas de interacções entre os seres vivos que as formam, denominadas relações ecológicas ou interacções biológicas.
Essas relações se diferenciam pelos tipos de dependência que os organismos mantêm entre si. Algumas dessas interacções se caracterizam pelo benefício mútuo de ambos os seres vivos, ou de apenas um deles, sem o prejuízo do outro. Essas relações são denominadas harmónicas ou positivas.
Outras formas de interacções são caracterizadas pelo prejuízo de um de seus participantes em benefício do outro. Esses tipos de relações recebem o nome de desarmónicas ou negativas.
(…)
Competição:
• Existem duas modalidades de competição:
_ Competição interespecífica
_ Competição intraespecífica
A competição interespecífica é uma relação de competição entre indivíduos de espécies diferentes, que concorrem pelos mesmos factores do ambiente, factores existentes em quantidades limitadas.
• Alguns exemplos: o Corujas, cobras e gaviões são predadores que competem entre si pelas mesmas espécies de presas, principalmente por pequenos roedores (ratos, preás, coelhos etc...) que são as presas prediletas destes diferentes predadores, portanto é uma competição por alimento.
o Árvores de diferentes espécies crescendo umas muito próximas das outras competem entre sí pelo espaço para as copas das árvores se desenvolverem e assim obterem mais luz solar para realizarem a fotossíntese, portanto é uma competição por luz solar.
o Durante os períodos de estiagem ou seca prolongada fica sem chover durante meses fazendo com que a oferta de água potável se reduza drásticamente no ambiente e fazendo com que animais de diversas espécies diferentes sejam obrigados a competir pela água que ainda resta em pequenas poças d´água que ainda existem num lugar ou noutro mas que não são suficientes para matar a sede de todos eles, portanto uma competição por água potável.
o Existem muitos outros fatores que levam seres vivos de diferentes espécies a competirem uns com os outros.
A competição intraespecífica é uma relação de competição entre indivíduos da mesma espécie, que concorrem pelos mesmos factores do ambiente, que existem em quantidade limitada. Machos de uma mesma espécie precisam competir entre si pelas fêmeas dessa mesma espécie, fenómeno esse chamado "selecção sexual".
Na verdade existe muito exibicionismo evidente nos comportamentos relacionados à competição que ocorre durante a selecção sexual nas populações das espécies em geral.
O leão por exemplo tem que competir com os outros leões do bando porque os leões praticam a poligamia patriarcal e é necessário competir, lutar para ganhar ou perder, a chance de se acasalar com todas aquelas fêmeas do bando.
Para ser o "macho alfa" do bando o leão terá que ser o mais corajoso dentre todos os leões daquele território porque terá que enfrentar todos os outros machos que também pretendem essas mesmas leoas e apenas um leão é eleito pelas fêmeas o "macho alfa" que terá o direito de cobrir todas as leoas do bando enquanto que os perdedores não se reproduzem.
Além de ter que ganhar a luta com todos os outros leões do bando, o "macho alfa" campeão nessas lutas tem também que exibir seu urro forte para impressionar as leoas, exibir sua juba linda, suas garras afiadas, exibir vigor físico e autoridade superior, tudo isso para poder ser eleito e aceito pelas leoas que também têm lá seus critérios de avaliação pois são elas que elegem quem será o novo "macho alfa" que terá o direito de se acasalar com todas elas.
Nessas competições os leões derrotados podem inclusive se vingar do "macho alfa" e matar todos os filhotes dele, para com isso tirá-lo do poder e estimular novamente o cio das fêmeas para que outro "macho alfa" seja eleito e tenha a chance de acasalar e obter a sua própria descendência.
A competição entre os leões é contínua.
Outros exemplos semelhantes são os galos que competem entre si usando suas esporas uns contra os outros, carneiros competem lutando com cabeçadas, aranhas lutam com venenos, o pavão exibe a sua cauda esplêndida para competir com as caudas dos outros pavões, sapos competem entre si usando o coaxar e algumas exibindo o peito colorido e inflado, pássaros canoros competem entre si exibindo o canto afinado e as cores da plumagem, vagalumes competem exibindo as suas luzes no escuro, os grilos competem exibindo seus sons à noite.
A competição intraespecífica na espécie humana:
Para seleccionar quem será a mãe de seus filhos o homem elege alguns factores como atributos indispensáveis para considerar uma mulher como sua esposa e a esposa também tem suas preferências.
A aparência, a altura, o peso, a cor dos olhos, o tipo de corpo se é atraente, sensual, se a pessoa é bonita, se seu cheiro é bom ou não, o bom hálito, os belos dentes, se a pessoa é agradável, se é simpática, se é bem humorada, se seu corpo é rígido ou flácido, se é jovem ou não, se é sadio ou não, enfim a beleza humana de uma forma ampla é um factor muito importante na competição humana que é muito complexa porque além da beleza física a situação de cada um dentro da sociedade humana também são factores preponderantes nesse tipo de competição humana, a classe social a que pertence, quanto ganha, quantos títulos têm, qual o cargo, qual a empresa, que tipo de autoridade têm, quantos imóveis tem, que marca de carro usa, que perfumes usa, que jóias usa, de quais clubes é sócio, que produtos consome, antecedentes criminais, antecedentes civis, que cursos se formou, qual sua situação económica actual, que desportos pratica, de qual etnia é descendente, às vezes até qual religião a pessoa tem pesa nessa competição também.
Enfim tudo isso e muito mais, são ícones atractivos sexuais importantes na disputa entre machos com machos e fêmeas com fêmeas de nossa espécie, para decidir quem fica com quem, quais os casamentos serão realizados para constituir as famílias humanas.
Além disso nas actividades humanas existem muitas outras formas de competições voltadas a outras finalidades além do sexo:
_ Competição por empregos, por cargos na hierarquia dentro de uma empresa ou instituição, competição comercial entre uma empresa e outra, competição por terras e territórios, competição ideológica, religiosa, filosófica, competições desportivas dentre outras formas de competição. A competição e a selecção natural:
A competição em ambas modalidades, interespecífica ou intraespecífica constitui-se no principal instrumento da selecção natural onde vencem as formas de vida mais bem adaptadas ao meio ambiente, os mais hábeis, os mais fortes, os mais bonitos, os mais saudáveis, os mais poderosos etc...
Dessa forma os mais fracos e menos adaptados ao meio ambiente não se reproduzem, não mandam seus genes para as gerações futuras e além disso esses derrotados frequentemente morrem por diversos motivos, morrem de fome, morrem de sede, morrem de infecções devido aos ferimentos ocorridos nessas lutas e assim, a competição é um factor selectivo, selecciona os melhores organismos da população contribuindo assim para o melhoramento genético da espécie e sendo também um factor regulador da densidade populacional, evitando que a população da espécie cresça exageradamente se transformando numa superpopulação o que poderia levar a espécie a se tornar uma praga biológica causando desorganização na teia alimentar do ecossistema e até em outros níveis mais elevados do espectro biológico.
(…)
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de:



Bota Acima
Blogue de João Tunes


Cada etapa da história tem o seu tempo e só pode ser analisada em função desse tempo.

Mas existem fases bárbaras, tão bárbaras, que mesmo atendendo à circunstância, aos usos e costumes, à cultura, às relações de domínio e de sobrevivência, nos custam incorporar na marcha da história e na evolução da civilização.

Mesmo usando a moderação da distância, a Inquisição e a Escravatura, por exemplo, custam a engolir.
Como as barbáries nazis e bolchevique (tão quase gémeas entre si), estas mais próximas de nós e que ainda estendem tentáculos até aos nossos dias na influência ideológica, nos paradigmas de suporte e até em poderes sobreviventes (periféricos mas reais).

A Escravatura, pela duração e pela brutalidade do negacionismo absoluto do ser humano, sempre me impressionou. E estremece-me saber que, durante seis séculos!, nós, os portugueses, fomos esclavagistas e especialistas na matéria.

Em visitas a África, especialmente em Cabo Verde (na Cidade Velha perto da cidade da Praia) e em Angola (a sul de Luanda frente a Mussulo), visitei, sempre com um misto de espanto e de vergonha, sinais sobreviventes dos mercados de escravos construídos e geridos pelos portugueses.
Olhando aqueles sinais vivos de memória, eu tentava entender aquilo mas não conseguia fazê-lo em paz. Fiz essas visitas na companhia de amigos africanos.
Olhando as pedras, as grades, os armazéns e os outros sinais, eu não conseguia evitar baixar os olhos para não encarar de frente os olhares dos meus amigos, sentindo-me como que culpado por aquilo que ali se tinha passado entre os meus antepassados e os daqueles africanos de hoje que me acompanhavam nas viagens.
No entanto, eu não conseguia ver, nos rostos dos meus amigos africanos, rancor ou acusação.

Numa das vezes, resolvi interrogar directamente o meu companheiro, atrapalhando as palavras.
A resposta veio-me calma e quase soletrada: “não, isto não foi só culpa vossa, fomos nós, os africanos, que começámos e vos ensinámos”.
Fiquei a matutar. E ele tinha meia razão (uma parte era condescendência por amizade, é claro).
De facto, a escravatura era prática habitual e culturalizada na maior parte das tribos africanas antes da nossa chegada. Se havia as chamadas “razias” em que os escravos eram arrebanhados, metidos em cativeiro e arrastados para os centros negreiros, muito do comércio de escravos era feito em negócio directo com os chefes das tribos que os vendiam aos portugueses (e a outros) como mercadoria de sua posse.
O que nós fizemos foi globalizar e intensificar esse mercado, exponenciando os seus lucros, sobretudo após as ocupações nas Américas.
Aliás, quando a escravatura foi oficialmente abolida (embora até ao início do século XX ela se mantivesse em franjas de mercado paralelo) pelos portugueses, em atraso muitos anos do abolicionismo inglês e sob pressão deste, foi uma carga de trabalhos (provocando várias expedições com essa finalidade) convencer muitos dos chefes tribais africanos do fim daquele negócio em que assentava muito do seu poderio.
Até porque as novas formas de exploração colonial que sucederam à escravatura (trabalho forçado, trabalho “contratado”) não se distanciavam assim tanto da brutalidade exploradora mas retiravam fonte importante de receitas aos chefes tribais.

Apesar de alguma relativização, ainda agora não deixa de me impressionar quando leio documentos históricos sobre a natureza, a prática e as finalidades do esclavagismo.
Com mais ou menos responsáveis, aquilo foi uma mancha negra e enorme na construção das civilizações modernas e na sobrevivência de muita da geopolítica que nos achega até hoje. E percebe-se, pois então, o embaraço, pelas culpas repartidas, que o tema ainda hoje causa quando discutido e aprofundado quer por europeus ou por africanos (seja ao nível político, seja ao nível académico).

(…)


…”


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terça-feira, 24 de maio de 2011

A CASA DE BRAGANÇA E A HISTÓRIA DO ESCLAVAGISMO NO OCIDENTE (parte 1)


“… O Liberalismo em Portugal surgiu como reacção ao absolutismo real, à preponderância social da fidalguia, ao reaccionarismo da maioria do clero e ao protagonismo da colónia brasileira. A ideologia libertária da Revolução francesa, mesmo com os excessos jacobinos, as devastações causadas pelas invasões napoleónicas e o poderio inglês na nossa sociedade foram factores que estiveram na sua origem. …”

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O esclavagismo e a história de Portugal,
Ou a versão política dos equívocos do “Problema Português” (…).


Um problema que extravasa as fronteiras de um pequeno país com uma cultura profundamente nacionalista e patriótica, povo que tenta “fugir” ao seu desígnio de “pequenez” numa Europa ocidental económica e socialmente forte e coesa, mas politicamente vulnerável e “disponível” para os intentos maliciosos das subculturas politicas corporativas;

Das quais a questão mais grave liga-se à ética das problemáticas raciais que são a “pedra de toque” dos aglomerados políticos extremistas (a extrema-esquerda e a extrema-direita políticas) que se cruzam na vivência quotidiana da cultura europeia ocidental (e não a dispensam de coabitação conflituosa).


(…)

É curioso que os Ingleses desde cedo abraçaram a causa do Anti-Esclavagismo (mesmo no cerne da sua cultura e ascendência colonial profunda) e por isso foram combatidos por meio mundo (e mais algumas tribos);

Desde a Guerra dos Bôeres, em África, às duas guerras mundiais em que foram figura de topo e primeira linha, os Ingleses sempre estiveram no plateau desta questão emblemática do Esclavagismo.

(não será por acaso que Londres é classificada como a capital multi-cultural da Europa, e uma das maiores cidades do mundo onde se respira multiculturalismo)

No caso português, este problema começou a tomar expressão crítica durante a Guerra Peninsular (vulgarmente conhecida por “Invasões Francesas”);

Os portugueses terão tido a percepção política da verdadeira intenção de Napoleão de promover as “Gentes Lusitanas” a escravos das tropas francesas na sua própria terra, e a situação transformou-se em guerra;


E com sucesso (irreal e pouco provável) para as vítimas da intenção colonial francesa.

O que será óptimo, e desde logo levanta uma interjeição política de ocasião na nossa actualidade estratégica (projectando este assunto para o nosso tempo contemporâneo);

Será que o ideal de Napoleão ressuscitou na Política Europeia do Tratado de uma Europa Única ??

Na União Europeia do Século XXI ??

Parece estúpido e irreal este “Assunto” (…),

Mas não é de todo, e prova que a “substância” em cima da Mesa Política da actualidade no mundo inteiro e, em particular no ocidente, chama-se Esclavagismo;

O nova era do Esclavagismo Moderno numa visão política surreal e pós-modernista.


(…)

O Infante D. Miguel combateu o Liberalismo com tenacidade e vigor, mas perdeu a guerra civil para D. Pedro IV de Portugal (D. Pedro I do Brasil);

E os liberais descendentes de D. Pedro reinaram até a Carbonária destituir El Rei D. Carlos através do homicídio do Rei de Portugal.

A implantação da República pôs fim à Monarquia em Portugal, mas essencialmente (numa visão política de conjunto) corrigiu a versão liberal do regime político português invertendo o resultado de regime da Guerra Civil entre D. Pedro e D. Miguel (liberais e absolutistas).

Curiosamente, com o último descendente de D. Pedro IV a morrer no exílio (D. Manuel II, em 1932) o seu sucessor viria a ser D. Duarte Nuno de Bragança (filho de D. Miguel II de Bragança), ou em palavras diferentes, o “Trono de Portugal” voltou para a posse dos “Miguelistas” (sucessores do Infante D. Miguel) após os reinados liberais pós-guerra civil.

O que terá a sua originalidade inata, na medida em que Portugal será um país politicamente “evoluído”, com uma democracia ocidental e liberal que caracteriza o regime político, mas com uma Casa Real candidata ao “Trono” com um ideário político de regime absolutista (Anti-Liberal…).

Será (talvez) um pouco surrealista (no conceito político e estratégico europeu) e é puro azar de português, e certamente levanta algumas questões reais e obrigatórias:

_ A Autocracia pode coexistir com Democracia ??

_ O Esclavagismo ainda será um “regime político” válido, útil e pragmático na sua possibilidade de (re)implantação nacional e colonial ??

_ O Liberalismo Económico é um factor de progresso político e social de conotação (directa e imediata) com a Democracia e o Estado de Direito ??
E nessa medida, um factor político de cariz (profundamente) republicano e anti-monárquico ??

_ A Democracia e o Estado de Direito assentam a sua estrutura política de base no capitalismo liberal ??

_ E porque não (…), uma Ditadura Política e Militar (do tipo Estado Novo) será a “Única” saída política de alternativa ao Regime Absolutista de uma Monarquia profunda do tipo colonial (e terceiro mundista…) instalada no ideário político de topo das Elites Portuguesas ??...

(…)


SeráErro de Sistema” (político) ??


(ou haverá outra leitura diferente e directa a fazer sobre “este assunto” ??)

Perguntas curiosas ??...

E quais as respostas certas ??


(…)





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ANEXOILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:




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“…

de:



A Casa de Bragança é uma família nobre de Portugal, que teve muita influência e importância na Europa até ao início do século XX, tendo sido a dinastia soberana e portanto, Família Real, do país e do seu império ultramarino, por quase três séculos, embora também tenha ascendentes nas dinastias anteriores.

Indirectamente, a Casa também foi a soberana do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e do Império do Brasil.

As suas origens remontam à tradicional e alta nobreza portuguesa e espanhola, e inicialmente a família detinha o título de rico-homem, então o único título nobiliárquico da nobreza de Portugal.

Com a implantação dos títulos nobiliárquicos variados no final do século XIII, a Casa passou a ser ducal, mas também detinha outros títulos, e viria a reinar em Portugal, após a restauração da independência, em 1 de Dezembro de 1640, até 5 de Outubro de 1910.

O período em que se tornou Casa reinante corresponde à Dinastia de Bragança.

Com a implantação da República em Portugal, em 1910, a Casa Real e Ducal de Bragança foi decretada extinta e praticamente todos os seus membros foram obrigados a deixar o país.
Ainda no século XX, pela lei 2040 de 20 de Maio de 1950, os membros da família real foram autorizados a regressar a Portugal. Os seus titulares, que na época residiam em Berna, estabeleceram-se em Portugal nesse mesmo ano.
(…)

A Casa de Bragança foi fundada pelo rei D. João I e pelo Condestável D. Nuno Álvares Pereira, concorrendo ambos para o seu estabelecimento pelos dotes que o primeiro fez a seu filho D. Afonso, o primeiro duque de Bragança, e o segundo à sua filha D. Beatriz Pereira Alvim, pelo casamento de ambos realizado em Frielas, no dia 1 de Novembro de 1401 (era de 1439).

(…)

A revolução Liberal, no século XIX, fez surgir no país e na Família Real Portuguesa duas correntes opostas: os liberais, fiéis a D. Pedro IV, e os miguelistas, seguidores de D. Miguel I, que foi derrotado, exilado e banido do país, assim como os seus descendentes.
Mesmo quando ainda vigorava a monarquia constitucional em Portugal, os descendentes de D. Miguel I reivindicaram o trono português, bem como os seus títulos.

A lei do Banimento da linha de descendência miguelista ficou revogada com a anulação da constituição de 1838, mas foi reposta na implantação da República, que a alargou a todos os ramos da Casa de Bragança.
D. Miguel II de Bragança alegadamente firmou o Pacto de Dover com D. Manuel II (no exílio), em 1912; D. Miguel II reconheceu a legitimidade de D. Manuel II, enquanto este último alegadamente terá aceite que os direitos de sucessão ao trono português e a chefia da Casa Real Portuguesa, bem como o seu património, passariam para o ramo miguelista no caso do monarca morrer sem descendentes.

Na morte de D. Manuel II, em 1932, D. Duarte Nuno, filho de D. Miguel II de Bragança, foi reconhecido por alguns organismos monárquicos como chefe da Casa Real de Bragança e herdeiro do trono de Portugal.

Em 1950, a Segunda República Portuguesa revogou a lei do Banimento, permitindo que os descendentes de D. Miguel I pudessem regressar ao país.
Desta linhagem, reivindicaram a chefia da Casa de Bragança:
• D. Miguel II de Bragança
• D. Duarte Nuno de Bragança
• D. Duarte Pio de Bragança


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de:
Reacção na Europa
1805 – Na segunda-feira dia 21.10.1805 uma armada franco-espanhola de 33 navios que saía de Cádiz com rumo a Nápoles, onde Bonaparte necessitava de tropas para invadir a Áustria, é atacada e destruída ao largo do cabo Trafalgar;
embora o mais jovem almirante britânico, Horácio Nelson, morra durante a famosa batalha, pelas 17 horas o poderio naval da França atinge o seu ocaso. Quando a Inglaterra proíbe imediatamente as nações neutras de comerciarem por mar com a França sem uma licença a obter nos portos ingleses, o imperador Bonaparte decreta um bloqueio geral dos portos europeus.
1806 – Encorajada pelo domínio britânico do mar das Caraíbas, a população mestiça de Port-au-Prince, encabeçada por Pètion, revolta-se e o imperador Jacques I morre ao tentar dominá-la.
No lado sul da ilha Pètion alforria os escravos e persuade-os a que, em vez de cultivarem a cana, plantem café: é esta cultura livre e imecanizável, encorajada pelo comércio americano, que põe fim à economia ultramarina francesa.
1807 – Na Europa, a nação portuguesa encontra-se na difícil situação de aliada centenária da Inglaterra, com uma economia dominada por investimentos britânicos e sob um governo forçado a fingir que respeita o bloqueio francês; a 12.08 sabe-se da nota do embaixador francês, em que este exige, entre outras medidas, a declaração de guerra à Inglaterra.
De facto o rei português chega a assinar os decretos respectivos entre Outubro e Novembro mas, mesmo assim, a Casa de Bragança é banida por decreto de Bonaparte e, na noite de 19.11, o general Junot invade Portugal com 25.000 soldados que vão saquear a vila de Castelo Branco.
Dez dias depois a família real e muitos nobres deixam a praia da Ericeira rumo ao Brasil, sob escolta duma flotilha britânica.
Com o domínio do comércio do Atlântico garantido pela presença do rei português D. João VI na América, os Lordes britânicos aprovam, finalmente, a proposta de Wilberforce: a abolição da escravatura em todos os domínios da coroa britânica.
1810 – O tratado de Aliança de 19.02.1810, negociado com a Grã-Bretanha pela corte do Rio de Janeiro, contém uma proposta de Abolição gradual em todos os territórios portugueses.
1811 – O governo britânico institui a pena de morte para os transportadores ingleses, agora conhecidos por ‘negreiros’.
1813 – A lei de 13.11 reduz à metade o tráfico de Angola, mas na prática os negreiros mantêm-no em alta.
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de:




Dom Pedro d’Alcântara: uma peça à procura de autor

No alto do pedestal implantado na Praça que tem o seu nome, D. Pedro observa o Tejo.
Nas suas costas a fachada do teatro que, sua filha, D. Maria II, mandara erigir.
O teatro foi construído sobre as ruínas do Palácio da Inquisição, que o terramoto abatera.
Soterrados estão, pois, destroços da repressão odiosa. Sobre eles ergueu-se um espaço onde se representam os conflitos eternos do Homem.
Pressente-se a figura corajosa de Almeida Garrett, que se não vislumbra, mas está tão presente como a memória dos fanatismos e atrocidades, enterrados mas não esquecidos.

Foi um Príncipe liberal. Regente do Brasil, após o regresso da Corte a Portugal, percebeu a revolta dos brasileiros às tentativas portuguesas de recolonização e apoiou-os. Apesar da variedade de facções, grupos sociais e interesses económicos, o seu grito “liberdade ou morte!” foi de encontro às pretensões da maioria.
Gesto teatral, imagem edipiana dum Príncipe no fio da História, teve na Europa o aplauso dos defensores do liberalismo.

Depois, os seus maiores esforços foram assegurar a manutenção da independência contra as reacções de parte dos portugueses, militares e civis, e dotar o novo país de uma Lei Geral que assegurasse as liberdades, semelhantes às que a revolução francesa trouxera à Europa.
Mas 2/5 da população brasileira era constituída por escravos e a produção dependia do seu trabalho. A redacção da nova Constituição passou a ser pretexto para confrontos entre interesses regionais não confessados e vinganças pessoais.
Era o poder dos coronéis, esclavagistas ou liberais radicais que estava em jogo, não o texto constitucional em si.
A luta política foi acesa e pouco escrupulosa. Diversos grupos pretenderam tornar o Imperador figura decorativa, o que D. Pedro rejeitou.

Peripécias dramáticas rodearam a aprovação da Constituição. Outras circunstancias como a derrota do exército brasileiro no conflito para a manutenção do que hoje constitui o Uruguai, foram desgastando o prestígio do Imperador. Foi-lhe atribuída a culpa pela secessão, ele que, até, decidira intervir em pessoa no conflito…
Certamente desiludido com os acontecimentos, abdica do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II.

O direito sucessório de D. Pedro ao trono português é posto em causa, por já antes ter sido Rei de outro país.
Decide lutar pelos direitos de sua filha D. Maria da Glória, contra o que considera a usurpação de seu irmão Miguel. Mais importante que a disputa familiar, está a luta entre as concepções absolutista e liberal do Poder.
A guerra não é fácil. O Portugal profundo é tradicionalista e religioso e desconfia dos estrangeirismos. Se passou pela cabeça de D. Pedro que desembarcava no Mindelo e tinha aos pés um país grato, que ansiava por se libertar, iludiu-se.
Teve de se bater valentemente para vencer a Guerra Civil. E, quando o conseguiu, abdicou.

Esta trajectória de coragem, despojamento, verticalidade, de crença em valores de justiça e liberdade, fizeram dele um modelo para as forças liberais em luta em vários países europeus.
Bourbon pelo lado da mãe, Bragança pelo lado paterno, e familiar da maioria das Casas reinantes europeias, tornou-se um Príncipe “desejado”.
O seu fim foi o epílogo simbólico dum Rei romântico: morrer tuberculoso, no Quarto D. Quixote.

(…)

A vida de D. Pedro tem todos os atributos de um drama Shakespeariano com várias personagens.
A Rainha/Carlota Joaquina que não se sabe se envenenou o Rei/D. João VI ou não, mãe de vários filhos, cuja paternidade oferece dúvidas, com comportamento licencioso, a quem se atribuem amantes variados, desde camareiros a nobres e que conspira a favor de D. Miguel.
O Rei é um pícnico hesitante, que se viu Regente sem o desejar; guarda pedaços de frango nas algibeiras para satisfazer a sua bulimia; é obrigado a tomar decisões graves pressionado pelos antagonismos que se extremam à sua volta – na Corte e no mundo.

Um Príncipe/D. Miguel a quem a lei vigente atribui o direito à Coroa, apoiado pelos fidalgos da província, párocos e populares que aspiram a um rei forte capaz de despertar o país do declínio que as invasões francesas puseram a nu.
Adopta um comportamento contraditório. Jura a Carta, aceita o esponsal com sua sobrinha para chegar à Coroa, mas depois rasga os compromissos, conspira contra seu pai, encabeça movimentos militares para repor o absolutismo.

O outro Príncipe é D. Pedro d’Alcântara.

A guerra fratricida personifica duas concepções de Poder com relevo para a ambição sem escrúpulos, tibieza, oportunismos e traições. É uma peça à procura de autor.


(…)

D. Pedro I não acreditava em diferenças raciais nem na presumível inferioridade do negro, como era comum na época e combatia publicamente a escravatura.
A maioria da população brasileira, no entanto, era hostil às ideias abolicionistas.
Segundo a historiadora Isabel Lustosa, D. Pedro I foi um governante muito à frente da elite brasileira do seu tempo. Afrontou os valores da escravatura, combatendo com vigor o hábito de alguns funcionários públicos mandarem escravos para trabalhar em seu lugar.
Para José Murilo de Carvalho, D. Pedro era “comandado por emoções, às vezes contraditórias, a que não aprendera a impor barreira alguma. Era impulsivo, romântico, autoritário, ambicioso, generoso, grosseiro, sedutor. Era capaz de grandes ódios e grandes amores “.

(…)

D. João VI e Carlota Joaquina tiveram nove filhos.
Lêm-se documentos que duvidam que parte dos descendentes fossem filhos de D. João, nomeadamente D.Miguel, futuro Rei.
Durante vários períodos os Reis estiveram separados, tendo Carlota Joaquina vivido no Palácio de Queluz e depois no Ramalhão. Há muitas sátiras à vida licenciosa da Rainha e aos seus múltiplos amantes.

Carlota Joaquina era filha primogénita do rei Carlos IV de Espanha e da esposa Maria Luísa de Parma.
O seu casamento foi planeado tinha ela apenas dez anos de idade, com o então Infante D. João. Em 1788, tornou-se princesa-regente consorte de Portugal.
É-lhe atribuída grande inteligência e um carácter ambicioso e violento (“A Megera de Queluz”). Chantagem, intriga e pressão conjugal foram métodos para intervir nos negócios do Estado.
Em 1805, ainda em Portugal, D. João descobriu uma conspiração tramada pela esposa que planeava tirá-lo do poder.
Depois do regresso do Brasil Carlota Joaquina aliou-se ao filho Miguel contra as ideias liberais. Foi a figura mais notável a recusar-se jurar a Constituição de 1822.
Teve grande responsabilidade nos pronunciamentos conhecidos como Vilafrancada e Abrilada, que visavam abolir o constitucionalismo, afastar D. João VI do governo e colocar no trono o Infante D. Miguel.
Foi, de facto, a cabeça do partido absolutista em Portugal.

(…)
Ao evitar-se que a Família Real fosse aprisionada em Lisboa pelas tropas francesas, inviabilizou-se o projecto de Napoleão para a península Ibérica, que consistia em estabelecer nela famílias reais da sua própria família, como ainda se tentou em Espanha com a deposição de Fernando VII e Carlos IV, colocando no trono José Bonaparte, irmão de Napoleão.

Libertado Portugal da ocupação francesa, formou-se em Lisboa um movimento, integrado por oficiais do Exército e Maçons, com o objectivo de tirar os britânicos do controlo militar do país.
O movimento foi denunciado e a sua repressão levou à prisão e condenação à morte de numerosos patriotas, acusados de conspirarem contra a monarquia de D. João VI, em Portugal continental, representada pela Regência.

A acusação da responsabilidade de Lord Beresford, regente de facto do reino de Portugal, levou a protestos e intensificou a tendência anti-britânica no país. Após a execução dos acusados, o general Beresford deslocou-se ao Brasil para pedir mais recursos e poderes para a repressão do “jacobinismo”.
Porém, na sua ausência, eclodiu a Revolução do Porto (1820) de modo que, quando do seu regresso – depois de obter do soberano os poderes pedidos, foi impedido de desembarcar em Lisboa.

(…)


…”


………………..






quinta-feira, 19 de maio de 2011

REFLEXÕES SOBRE O VISCONDE DE NOSSA SENHORA DA LUZ








@@@@@@

“… o meu pai queria mudar a Terra onde nasceu,
e mudou o País onde vivia;

… Eu queria mudar o País que me viu nascer,
e mudei o Mundo onde vivo !! (…) ”


@@@@@@





Há dias de bom sono e outros que nem por isso;

E num daqueles dias de sono de “criatura de Deus justa e boa rés” sonhei que era SExª. Sereníssima o Visconde de Nossa Senhora da Luz.


Claro que pensei aquilo que será normal nestas ocasiões, “Je” anda alucinado com “Isto” e com tudo o que demais vai acontecendo no “meu” quintal e no respectivo jardim, a que eu faço questão de me manter fiel e crente na nossa “Pátria de Deus”.


Sobretudo “Isso”;


Fiel a Deus, ao (nosso) Papa e sempre crente no jargão português (super) multicultural - “Pour La Patrie”.

(e o resto serão tretas ao desbarato)


E claro que fiquei profundamente afectado com “Isto”;

Minha Nossa Senhora da Agrela, vejam bem, o Visconde de Nossa Senhora da Luz …


“ Pôrra pá, caraças “meu”, mas o que é “Isto” pá ?? “


(e em linguagem multicultural de certeza que será: “ Phonix, Man… ”)




(adiante…)



Ia eu na Gomes Pereira, rua abaixo, quase já a entrar no "Edmundo” e a pensar numa saborosa de uma imperialzita, quando (num ápice e de repente) aparece aquele sacana do Vereador;


Os cumprimentos do costume, da ordem e de ocasião, e lá começámos a (nossa) conversa.


Diga-se em abono da verdade que “Aquilo” era uma coisa íntima e pessoal para Nós os dois, porque as nossas conversas pretendiam-se segredos do nosso estado;


E pronto… é este o (nosso) problema;


Deve dizer-se que aquilo não era propriamente público, nem pouco mais ou menos;

Porque a “Lista Pré-Fabricada”, com muita discussão política e ainda em permanente estudo, viria a ser conhecida com a espampanante sensação mediática global de a “Nossa Lista de Premiados Especiais”.


E é óbvio que se pretendia que aquilo fosse mais ou menos secreto porque a divisão do “Prémio” por todos, quantos mais fossem, pior seria para a divisão…

Portanto, somos “Nós”, os tais especiais que Deus criou para este fim específico, os “Oficiais da Lenda Portuguesa”.




(…)



O prémio, o bolo, a tarde, sei lá (…);

Que diabo seria “Isso” ??

Uma lenda ?


Não; apenas pretendia ser um Plano de Acção Directa (…) sobre o Património Global Europeu;


Uma espécie de “Lista de Antiguidades” válida sobre o Prémio Euromilionário Europeu (…).


Isso mesmo, patético qb (…);

Mas eficaz, embora com uma eficiência duvidosa pelo descaramento envolvido nos crimes associados à gestão danosa do património público, perpetrados por energúmenos do meio político e social português;

Tudo comprovado por entidades de segurança e de justiça institucional do Estado credíveis e isentas de responsabilidades político-partidárias corporativas.


Ou seja, todos os crimes (tudo rigorosamente…) amnistiado pelos tribunais portugueses até à presente data, pondo a natureza deste “problema em pratos limpos” na sua verdade ao natural.



(…)



Portanto, joguemos todos ao “Euromilhões” político e institucional do Estado (político) Português financiado pelo “Tutor Europeu”, nosso herói filantrópico;


E desejemos os nossos melhores “parabéns a você” a todos os Premiados deste Jogo, com especial incidência para todos os residentes da referida “Lista de Antiguidades”, que andam a usufruir dos rendimentos de patentes não registadas e propriedade de algum português que certamente não estaria a brincar quando “Publicou” o seu raciocínio (no espaço global) relativo a criar uma Lista Pré-Concebida de Premiados Políticos para os milhões do nosso sonho e glória política europeia.



Claro que falamos de Políticos e da respectiva Antiguidade Social que se criou à volta deste “problema” (…) relativo à divisão do nosso dinheiro europeu, que também inclui aquele que é “fabricado cá”.


Falamos, pois, do dinheiro do Estado Português e das respectivas instituições (para não escrever Povo Português…), aquele que deveria ter destino diferente do empregue na “Lista Vitoriosa das Antiguidades Políticas”.



(…)



E também acontece, por mero acaso, que este Problema é mesmo (muito) grave;

E de tal maneira funciona a “Coisa” que (provavelmente) anuncia-se crise sintomática no aparelho gigantesco do Estado após estas singelas “palavras”.


[Porque é que será que têm que existir tantos institutos públicos no seio do Estado sem funções atribuídas ou conhecidas, mas com “Oficiais Superiores” orgânicos principescamente retribuídos ??...]


Se calhar, agora, já conheceremos o “problema” e a resposta certa…




(…)




Se “Isto” é patético (outra vez) ???


Não !!


É um grande negócio político,

Com uma organização medieval do tipo “Clero, Nobreza e Povo” (…).


(ibidem)






[E o resto é mesmo etc. ……..]





(…)







Pós-Scriptum:


Nos últimos 5 anos o Estado adicionou à dívida pública portuguesa cerca de 82 mil milhões de euros;

Nos últimos 12 anos o Estado adicionou à dívida pública portuguesa mais de 150 mil milhões de euros;

Portanto, Nós devemos um pouco mais de 180 mil milhões de euros (de dívida pública), dos quais “apenas” 30 mil milhões de euros vieram do antecedente;

(mais de 12 anos, ou por palavras diferentes, do período político anterior a 1998)


Portugal vai receber uma ajuda económica do FMI + União Europeia no valor de 78 mil milhões de euros.


De facto (…), o que é mais nos irá acontecer ???...


(aos portugueses, claro)



Será pedir muito que as pessoas (Política + Políticos) sejam honestas e moderadamente competentes ??


Com sinceridade, eu acho que não.








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ANEXOILUSTRAÇÃO TEMÁTICA




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“…


Texto 1:

de:






Nossa Senhora da Luz (Joaquim António Velez Barreiros, 1.º barão e 1.º visconde de).
n. 25 de Novembro de 1802.
f. 1 de Outubro de 1865.

General de divisão, par do reino, ministro de Estado honorário, comendador das ordens de Nossa Senhora da Conceição e da Torre e Espada; grã-cruz da de Santo Estanislau da Rússia, da de Carlos III de Espanha; comendador da ordem militar de S. Fernando, de Espanha; grande oficial da Legião de Honra, de França; condecorado com a medalha n.º 9 das campanhas da Liberdade, e com a medalha espanhola de Mendigorria.
N. em Coruche a 25 de Novembro de 1802, fal. em Lisboa em 1 de Outubro de 1865.

Tendo estudado no Real Colégio Militar e concluído o respectivo curso, assentou praça e foi logo despachado alferes em Dezembro de 1820. Em Janeiro de 1823 partiu para a Baia, e regressando a Portugal em Setembro desse ano, foi em Julho de 1827 promovido a tenente. Abraçando a causa liberal foi reunir-se aos defensores da ilha Terceira, e tomando aí parte na acção de 11 de Agosto de 1829 e depois nas tomadas das ilhas do Pico, S. Jorge, Faial e S. Miguel, e sendo nomeado tenente de engenharia em 1830, acompanhou o exercito libertador que veio desembarcar nas praias do Mindelo.
Durante o cerco do Porto distinguiu-se em varias ocasiões, e continuando a servir nas forças do comando de Saldanha, mereceu que este ilustre general dissesse dele em atestado "Há longo tempo que conheço o merecimento deste digno oficial, e com maior particularidade desde Fevereiro de 1832 até ao fim da luta com a usurpação. Em toda esta época assistiu (com uma só excepção) a todas as acções e batalhas que tive a fortuna de comandar, e em todas elas foi sempre o seu comportamento tão distinto que nem uma só vez deixei de o recomendar muito particularmente a S. M. I. o duque de Bragança.”
Tendo ascendido durante a guerra civil ao posto de tenente coronel, foi em Novembro de 1834 mandado para Espanha como comissionado do nosso governo junto do general em chefe do exercito de Isabel II, e aí permaneceu até fins de 1837 assinalando-se em diversos combates contra os carlistas, sendo ferido em Arlahan e granjeando, pelo modo como se comportou, a estima e os louvores de muitos generais da nação vizinha.
Em 1840 foi a Londres encarregado pelo governo de uma comissão nesse país, e voltando à pátria em Dezembro de 1843, tomou posse da inspecção-geral das obras públicas do reino, para que fora nomeado no princípio desse anuo.
Com a revolução de 1846 tornou Velez Barreiros à carreira militar, e sendo em Outubro nomeado quartel-mestre general de el-rei D. Fernando, foi, por decreto de 23 de Janeiro de 1847, agraciado com o título de barão, em Junho promovido a brigadeiro, e em Agosto encarregado da pasta dos negócios estrangeiros, a qual conservou até 18 de Dezembro.
Depois da regeneração foi ministro interino do reino, estrangeiros e marinha, e deixando esses lugares quando se reconstituiu o gabinete pela chegada do marechal Saldanha a Lisboa, passou a exercer as funções de chefe do estado maior do comando em chefe do exercito juntamente com as de director geral das obras públicas, e depois que foi extinto aquele comando foi nomeado para o do corpo do estado maior.
Em 1860 foi com os coronéis Maldonado e Magalhães a França para assistir ás manobras de Chalons e estudar as instituições militares daquela nação, apresentando, depois do seu regresso a Portugal, um relatório que não foi impresso, mas em que o ilustre general manifestou claramente os seus vastos conhecimentos militares e apresentou muitas ideias, de cuja adopção resultou grande proveito e vantagem ao nosso exercito e à defesa do país.
Em 1853 foi eleito par do reino, e por decreto de 16 de Junho de 1854 elevado ao título de visconde de Nossa Senhora da Luz.
Casou em 30 de Agosto de 1837 com D. Rosa Montufar Infante, filha dos marqueses de Selva Alegre, de Espanha.
O seu brasão de armas é o seguinte: Escudo partido em pala; na primeira as armas dos Avi¬lezes ou dos Velezes: Em campo verde uma torre de prata, com as portas e as frestas do mesmo metal; ao pé da porta uma cabeça de moiro toucada de prata e cortada em sangue, junto dela uma maça de azul com o cabo de ouro; na segunda a dos Bairros ou Barreiros: Em campo de ouro três troncos de arvores de preto, com nós, em banda.





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Texto 2:

de:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Luz_(Mour%C3%A3o)





Luz (Mourão)

Luz é uma freguesia portuguesa do concelho de Mourão, com 50,90 km² de área e 373 habitantes (2001). Densidade: 7,3 h/km². Grande parte do território desta freguesia foi submerso pelas águas da albufeira da Barragem de Alqueva, a partir de 2002. Foi construída uma nova aldeia, para onde se mudaram todos os habitantes da Luz.




…”



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quinta-feira, 12 de maio de 2011

A EUROLÂNDIA - Pensamentos de Fim de Tarde



Uma “Zona” curiosa que, por mero acaso, foi o palco principal de duas guerras mundiais, o parente rico apetecido, o oásis ocidental na pradaria desértica da loucura política do planeta.



Um “Sítio” catita e generoso para viver, a Europa e o Paraíso Europeu de uma vida ocidental rica, próspera e evoluída na sua perspectiva social e cultural.


Na realidade (ou com realidade), a “Zona” mais rica do mundo, onde o “homem de bem” e o seu semelhante mais podem esperar da sua vida pessoal, social e profissional;


Sob qualquer aspecto que se possa considerar a questão, e de tal maneira que a “Malta à Rasca” deveria calar-se, trabalhar e fazer alguma coisa de jeito para mudar a lógica da Nossa Vida Política (e estratégica) Comum.


(sem mácula ou ofensa)




(…)




De facto, a Zona Euro (para além da conversa técnica habitual que nos remete para as características técnicas de uma economia comum na Europa a um conjunto de países que subscreveram a moeda única europeia, o Euro) significa no tempo actual a história de uma crise económica e financeira em que se vê envolvida pela natureza directa da instabilidade política e económica dos países “colocados” nas margens do seu desenho estratégico, e agora conhecidos pela sigla e alcunha política de “PIGS” (“jargão” que significa Portugal, Ireland, Greece and Spain).


Curiosamente, a razão directa da criação da Zona Euro prende-se com razões de estabilidade económica, financeira e cambial das moedas parcelares, concretizando-se a união directamente numa estabilidade política e económica (e estratégica) comum a todos os países membros dessa “aliança”;


E essa “situação potencial” deveria concretizar-se em crescimento económico e progresso político e social transversal a “tudo e a todos” no espaço europeu a que diz respeito.

(ibidem)



Ou seja, é aqui que está o problema político de base e origem da crise.


O nome “Finlândia” (numa metáfora despropositada e exagerada mas extremamente elucidativa) poderia ser traduzido na perspectiva de uma linguagem política grotesca pela expressão anglicana “EndLândia”, que quereria simbolizar o “Fim” de uma Ameaça gigante chamada Zona Euro para todas as “Forças” especulativas envolvidas neste triller político e económico.



Mas não só.


A expressão “PIGS” não terá existência casual, estará directamente ligada a factores políticos e culturais de base e de estrutura nos respectivos países;


Por exemplo (começando pelo fim), relativamente a Espanha teremos que contabilizar a oposição chamada “ETA” ao projecto político europeu, e as respectivas consequências na estabilidade política e económica do estado espanhol.


A Grécia tem uma história de liderança militar de colonização de vários países europeus (e um pouco por todo o mundo) para além de uma Civilização Religiosa Ortodoxa (e profunda) que se tem mostrado opositora firme do processo de ocidentalização da sua sociedade.


A Irlanda tem o seu Sinn Féin, figura política e militar mítica de oposição ao regime inglês e à monarquia inglesa, situação materializada na luta entre Católicos e Protestantes (fieis à religião anglicana e à monarquia inglesa); e aquilo que pode parecer uma falácia toponímica de natureza geográfica não o é na realidade dos factos políticos emergentes.


Quanto a Portugal, neste momento político (comandado pelo partido do governo) tudo parece ser oposição ao projecto europeu, mas não parece haver rostos conhecidos, que talvez pudessem ser “OTA”, ou talvez (antes) “XOTA”, ou “HERA”, porque não “ORA” (…);


(ou todos juntos…)


E por outro lado, Portugal é um país de raiz cultural de baixa dimensão, com uma história política profundamente colonial e com uma classe política materialista e controversa de ideologia e espírito narcisista (estritamente pessoal e interiorizado nos seus interesses corporativos); e temos o “BPN”, claro, como imagem de marca dos “Negociadores Portugueses” de formação cultural política e Caucasiana.



Portanto, falamos de uma crise de oposição política ao espaço político comunitário da União Europeia e da respectiva Zona Euro, situação essa que se está a materializar numa Crise de Identidade Política Europeia;


E que por mero acaso (e sorte nossa, dos europeístas) é puramente Virtual e Falaciosa no seu âmbito e na sua natureza política, social e cultural.





(etc. ………………)





Pós-Scriptum:


Junto em anexo três textos ilustrativos que traduzem de forma simples e clara a natureza política e económica da questão envolvida na Zona Euro, as causas directas e as consequências previsíveis.






§§§§§§§§ // §§§§§§§§




ANEXOILUSTRAÇÃO TÉCNICA, CULTURAL OU CIENTÍFICA:





………………..


“…


TEXTO 1:

de:

http://dicionario.babylon.com/eurol%C3%A2ndia/



Eurojargon - português


É um termo não oficial para o que se designa formalmente por "zona do euro".


Esta zona é composta pelos Estados-Membros da União Europeia que adoptaram o euro como moeda nacional. Até agora, os países em causa são a Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia.

© European Communities, 1995-2004






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TEXTO 2:

de:

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/03/portugal_e_a_eu.html





Portugal e a Eurolândia



A primeira crise no sistema monetário europeu (o SME, moeda própria, mas com taxas de câmbio variando dentro de uma dada banda) foi despoletada pela reunificação da Alemanha em 1990, embora muitas das maleitas económicas hoje evidentes já existissem nessa época, mas sem a visibilidade actual.


Um sistema de paridade fixa funciona bem em tempos normais, quando os restantes parâmetros estão de acordo com o que seria aconselhável para cada um dos países aderentes. Se aparece uma crise, cada país desenha um uma política própria, há ataques especulativos a algumas moedas específicas (aquelas cujos especuladores calculem que se depreciem mais facilmente) e gera-se uma situação de grande instabilidade.


Portanto, os peritos europeus concluíram que a moeda única era mais sólida e capaz de resistir a ataques especulativos. Isso tem-se revelado um facto indiscutível.


A união monetária trouxe importantes benefícios.


Com uma moeda comum, desaparece a volatilidade interna das taxas de câmbio, de forma que o comércio e as finanças deixam se preocupar com a incerteza sobre preços decorrente da flutuação das taxas de câmbio.


Todavia a taxa de câmbio é um importante instrumento de ajustamento macroeconómico. Não haveria problemas se todos os países tivessem legislações semelhantes sobre o funcionamento do mercado, mobilidade dos factores de produção e regras da sua remuneração, procedimentos iguais no funcionamento da administração pública, o mesmo grau de intervenção estatal na economia, idênticos níveis de qualificação e aceitassem a livre circulação dos factores de produção entre as áreas transitoriamente em declínio e aquelas em expansão, como sucede, por exemplo, nos EUA.


Ou seja, se fossem um único país, e não diversos países, com identidades próprias, e orgulhosos da sua soberania e da sua história.


Ora isso não se verifica na eurolândia, devido à rigidez da estrutura salarial, às diferentes políticas sociais e ao baixo grau de mobilidade do trabalho entre os vários países.


Enquanto nos EUA crises económicas regionais levam rapidamente à migração de trabalho, de modo que, passado algum tempo, as taxas de desemprego regressam aos níveis anteriores, na UE esses ajustamentos não ocorrem, e os países que sofreram essas crise vêem um elevado desemprego e a estagnação económica manterem-se de forma persistente.


Portanto, Portugal arrisca-se a empobrecer e a definhar, tornando-se o "Alentejo interior" da Europa, se não tomarmos medidas para sairmos dessa situação. Não podemos mexer nas taxas de câmbio, nem nas taxas de juro.


Não temos mecanismos para “iludir” a economia, mantendo salários nominais conforme as reivindicações, mas reduzindo o seu poder de compra pela inflação, através de mexidas nas taxas de câmbio e de juros.


Temos portanto que enfrentar e resolver os problemas estruturais que inquinam a nossa sociedade, e que a mantêm economicamente estagnada. Só o conseguiremos fazer se abandonarmos a nossa actual postura de medo das mudanças e de aversão ao risco. Haverá custos sociais, como houve em Espanha, por exemplo, onde o desemprego rondou os 20%, mas quanto mais tarde fizermos essas reformas, maiores serão esses custos.


A menos que apostemos neste actual projecto de empobrecimento em segurança ilusória (e a prazo), que nos tornará, com o tempo, no pardieiro da Europa.




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TEXTO 3:

de:

http://www.esquerda.net/dossier/eurol%C3%A2ndia-arde




A Eurolândia Arde



dossier 6 Maio, 2010 - 00:00
Por Michael Kratke.




Acontece que, agora, no caso grego estão no banco dos réus não os bancos freneticamente especulativos, mas os Estados sociais perdulários de estilo europeu.


Faz uma semana que se declarou a situação de urgência: os gregos solicitaram oficialmente a ajuda financeira que lhes haviam prometido em fins de Março.


Caso de extrema necessidade.


Pede-se à União Europeia e ao FMI que disponibilizem o mais rápido possível o montante de que o país precisa. Não resta muito tempo: em meados de Maio vencem os próximos empréstimos bilionários; não honrá-los significa a falência do Estado.


Os mercados financeiros - com os fundos de risco à frente, especulando contra o euro - não soltam a presa. Cobrando juros exorbitantes, fazem com que as dívidas do Estado grego não possam ser refinanciadas em meio à crise financeira.


Numa situação assim, a soberania dos gregos já não vale nada. Antes de darem a ajuda prometida, exigem deles compromissos futuros com programas de aperto fiscal ditados pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo FMI.


Abundam, além disso, prescrições e propostas, cada uma mais inclemente e desinformada.


Os dirigentes dos partidos em Berlim põem as suas apostas nos comissários do FMI que, graças à Chanceler de Ferro, já estão sentados na mesa de decisões.


Nem é preciso dizer que os economistas do FMI, à diferença dos políticos da coligação negro-amarela [a cor da democracia cristã alemã é o preto, e a dos liberais, amarelo, n.t.] sabem há muito que uma trajectória de extrema austeridade, como foi exigida do exterior à Grécia, só pode terminar numa grave depressão económica e numa desagregação social não menos grave.




A Ironia da história


Na reunião dos ministros das finanças do G20 no fim de semana passado, a crise europeia serviu muito oportunamente de distracção.

Tudo o mais - os agudos problemas da economia mundial, submetida a uma recessão que nem de perto está em vias de superação - nem foi discutido.


A Grécia tornou-se a nova figura simbólica do doente da economia mundial: que bom para os norte-americanos!


Uma crise que tem a sua origem na Eurolândia e que força a União Europeia a pedir auxílio ao FMI: grande recompensa para os lobistas dos mercados financeiros!


Os culpados não são os bancos freneticamente entregues à especulação: são os perdulários Estados sociais de estilo europeu!


A imagem neoliberal do mundo volta a bater certo.


Os honoráveis que se reúnem no G8 e no G20, no FMI e no Banco Mundial poderiam ter-se dedicado a estudar assuntos de maior importância do que a pequena Grécia.

Não chegaram a qualquer acordo.


Nem no tocante à planeada fiscalização bancária, nem em matéria de impostos sobre o mercado financeiro, nem quanto à regulação do sector financeiro: em nada disso se avançou um só passo.

Nada, senão declarações nebulosas.


No fundo do cenário, quase sem ruído, trataram, de passagem, da crise financeira do Banco Mundial.


Tratava-se, no caso, de somas muito maiores do que as que estão em jogo no caso da Grécia.


A crise que se abate sobre esse organismo chegou a 300 mil milhões de dólares.


O FMI pôde aplacar a sua reforma financeira pendente, transferindo as urgências para o Banco Mundial, com agradecimentos especiais ao governo federal alemão.


A auto-satisfação espalhou-se em Washington: os europeus tinham sido postos na linha, amarrados ao bom caminho da austeridade e do saneamento das contas públicas.


Oficialmente, a ajuda à Grécia tem a ver com a manutenção da estabilidade do euro. O que só se pode obter se for bloqueada a especulação internacional contra os diferentes países da zona do euro.


A falência do estado grego, uma expulsão dos gregos da Eurolândia, dariam precisamente um sinal equivocado.


Então, inexoravelmente, Portugal, Espanha e Irlanda seriam os próximos.


Se os países da zona do euro se comprometessem com um empréstimo comum, poderiam então enfrentar os mercados.


A falência pública grega beneficiaria a quem?


Se os títulos da dívida gregos forem passivamente depreciados, os afectados serão principalmente os bancos alemãs e franceses.


Só o banco alemão Hyp Real Estate (HRE), entretanto estatizado, detém 10 mil milhões de euros. Se esse dinheiro se evaporar, a Alemanha enfrentará a próxima crise bancária.


O governo de Sarkozy está num terreno ainda mais pantanoso, pois os bancos franceses detém títulos gregos em mais de 77 bilhões de euros.


A alternativa à suspensão de pagamentos do estado grego seria uma ação conjunta de refinanciamento por parte dos europeus, quer dizer, uma renúncia parcial dos bancos europeus às suas exigências como credores da Grécia.


Isso está oficialmente descartado pela Chanceler Merkel, embora apenas porque é o que os partidos de sua oposição exigem.


Isso significa derivar parte dos custos da crise da dívida a quem dela se beneficiou, e não aos gregos e à sua população.


E agora vem a ironia da história: o governo alemão concedeu ao FMI um papel-chave num jogo maligno. As autoridades do FMI deveriam resistir, mesmo quando os gregos puseram em marcha os planos mais sombrios de austeridade.


Pois, com as regras do jogo vigentes, o FMI não pode dar crédito a nenhum solicitante que não possa imediatamente devolver e servir os juros das suas dívidas no longo prazo, quer dizer, a ninguém que, de facto, já esteja falido.


Com os 15 mil milhões de euros agora prometidos, a Grécia já teria esgotado a sua cota de crédito com o FMI. Uma última gota vertida sobre pedra incandescente.




Reformar ou abdicar


Coisa rara, mas provável: a participação do FMI na ajuda de emergência à Grécia melhora visivelmente as perspectivas de refinanciamento.


E teria a grande vantagem de que seriam os bancos e outros credores do estado que arcariam com a sangria, e não o sempre sofrido contribuinte.

No mais tardar em 19 de Maio próximo, a acção de resgate da Grécia deve estar pronta.

Nessa data vence um empréstimo de 8,5 mil milhões de euros. Se o país não o honrar, entra em falência.

De nada então serviriam os créditos do FMI, e os bancos europeus deveriam engolir um refinanciamento.


Isso não seria nenhum drama para os mercados financeiro; para eles, a tragédia grega não é mais que um compasso de espera.


O Japão, por exemplo, está numa situação muito pior que a Eurolândia.


Quando não houver o que pescar na Europa, os fundos de risco, cedo ou tarde, vão lançar-se ao rio revolto do iene.


E depois vem o dólar e a libra esterlina, porque norte-americanos e britânicos estão ainda mais gravemente endividados do que a Grécia: ali há mais o que pescar.


Não são os gregos que têm de se apressar a pôr ordem às suas casas e a fazer planos de saneamento fiscal, mas o G20, o FMI, o Banco Mundial e os governos presentes nessas instituições,incluindo a cereja do bolo que é a Alemanha.


A alternativa não oferece dúvidas: ou impor uma regulação dos mercados financeiros, a que estes e seus lobistas oporão uma resistência feroz, ou abdicar.





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