domingo, 29 de novembro de 2009

A GLOBALIZAÇÃO E O SECTOR PRIMÁRIO DA ECONOMIA

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(Manuela Silva é economista e ex-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz)


As desigualdades têm vindo a acentuar-se em todo o Mundo. Este é um Mundo com uma economia globalizada num mercado desregulado e este tipo de globalização tem-se traduzido por concentração de riqueza e poder económico, por um lado, e exclusão e pobreza mais acentuada, por outro.
As desigualdades vão-se manifestando, quer nos países desenvolvidos quer nos países menos desenvolvidos, e são fruto deste capitalismo desregulado que é um sistema que tende a excluir os menos válidos devido à extrema competitividade e ao facto de ela se concretizar num espaço mundial que se apresenta com fortes assimetrias.

A maioria da população mundial vive em sistema capitalista desde o liberalismo e as desigualdades sociais têm estado sempre presentes. Mas agora com o designado “capitalismo selvagem” elas como que se agudizaram. Porquê?

Tem a ver com o fenómeno da globalização da economia. Quem diz globalização, diz uma economia que assenta em empresas transnacionais de grande poder económico e, ao mesmo tempo, desenrola-se num contexto em que os Estados nacionais foram perdendo poder de regulação sobre os mercados. O acentuar da competitividade leva, por um lado, à exclusão e, por outro, à concentração da riqueza e do poder económico que lhe está associado, uma vez que essa competitividade se realiza no plano mundial e aproveita as diferenças de oportunidade que existem nas várias regiões do Mundo.

Aliás, excepção feita ao sector automóvel, o neo-liberalismo quase não canaliza investimentos para o tecido produtivo. Veja-se o caso de Portugal com o desinvestimento no sector primário.

As economias têm evoluído. Da mesma maneira que se passou de uma economia de base agrícola para uma economia de base industrial, hoje assiste-se à passagem para uma economia chamada do conhecimento. O que se verifica em Portugal, e é bom que isso aconteça, é uma evolução no sentido dessa economia do conhecimento.

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A aceleração das transformações da estrutura social portuguesa tem vindo a ser remetida para os anos 60, mas esta afirmação não obsta a que se distingam ritmos de mudança diversos ao longo do período considerado.
Seleccionam-se e apresentam-se, de seguida, apenas alguns dos aspectos relevantes dessas transformações.
Alterou-se profundamente a distribuição da população activa por sectores de actividade económica: enquanto desceu a percentagem dos activos no sector primário (de 43,6% em 1960, para 19,7% em 1981 e 11,6% em 1992), foi aumentando a do sector terciário (de 27,5% para 41,6% e 55,2%, nos mesmos anos).
A fuga do sector primário é empreendida principalmente pelos homens mais jovens, facto que explica, por um lado, a feminização do sector e, por outro, a mais elevada taxa de analfabetismo que aí se verifica relativamente aos outros sectores económicos. No sector secundário, a percentagem de activos vai aumentando até aos 38,7% de 1981, mas a tendência inverte-se, a partir daí.
Em consonância com a terciarização da economia, dá-se a feminização do sector terciário que absorve os crescentes contingentes de mão-de-obra feminina chegados ao mercado de trabalho. O número de mulheres com actividade profissional remunerada mais do que duplicou nos últimos vinte anos e se em alguns grupos de profissões as mulheres já estão em maioria (como no dos profissionais intelectuais, científicos e técnicos e no dos empregados administrativos, do comércio e dos serviços pessoais), em outros isso ainda não acontece (como, por exemplo, o dos directores e quadros dirigentes).

A elevação da escolaridade obrigatória de 4 para 6 e, mais recentemente, para 9 anos, a massificação do ensino secundário e o alargamento do universitário, a difusão dos meios de comunicação de massas, a globalização da economia e da comunicação, o turismo de massas, o retorno dos migrantes, a integração na CEE e as mudanças nas práticas sociais daí decorrentes são poderosos factores de homogeneização de condutas e de valores.
É neste contexto que se pode compreender a tendência para uma relativa aproximação dos padrões de consumo das famílias portuguesas, mesmo quando não se verifica idêntica tendência em matéria de receitas.


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Potencialidades do sector primário no Alentejo Litoral

A exploração da terra por parte do sector primário reflecte as potencialidades naturais e o meio envolvente de uma região em termos da sua produção agro-pecuária, e condiciona, na ausência de outros aproveitamentos, o desenvolvimento socioeconómico.

É com base nas condições edafo-climáticas e socioeconómicas que o sector agrícola tem que procurar as suas oportunidades, pois elas determinam as vantagens comparativas em relação a outras regiões, e assim, a competitividade do sector primário.
Neste aspecto, o clima mediterrâneo, que se pode encontrar em apenas 1,7 % da superfície terrestre, apresenta características muito específicas, nomeadamente o desencontro entre o período de temperaturas elevadas e a estação das chuvas.
Este fenómeno condiciona drasticamente as opções do sector primário no aproveitamento do seu recurso principal, o solo. A escolha das culturas tem que respeitar este condicionalismo, o que significa: a) a opção por culturas de Outono/Inverno, resistentes às temperaturas baixas e à eventual ocorrência de geadas, como p. ex. o trigo ou a ervilha; b) a possibilidade de cultivar espécies exigentes em temperatura durante a estação quente quando existe o recurso ao regadio, como arroz ou milho; c) o aproveitamento de espécies vegetais permanentes, capazes de suportar a secura e o calor estivais, como a vinha, o olival ou algumas espécies florestais.

Todavia, dentro deste condicionalismo e apesar da predominância de solos litólicos e podzólicos, com uma reduzida aptidão para uma agricultura de sequeiro, o litoral alentejano tem outras condições a seu favor que lhe oferecem oportunidades únicas. É sem dúvida a proximidade do mar que lhe confere temperaturas mais amenas no Inverno e menos tórridas no Verão, possibilitando, na presença de água, uma panóplia de culturas, que vão desde as mais vulgares como o milho e o arroz, a batata doce e o amendoim, até às culturas hortícolas mais diversas produzidas em estufa durante o Inverno.
O outro aspecto único desta região é o enorme património florestal, cuja composição, dominada pela presença do sobreiro, representa um valor incalculável, não apenas para o sector primário.

Assim, a exploração sustentada do Litoral alentejano deverá apostar no aproveitamento destas condições específicas, ou seja, em grande parte do seu território, no aproveitamento das suas zonas de montado por sistemas de exploração silvopastoris, que visam a obtenção de algumas mais-valias quer a nível do aproveitamento florestal quer pecuário, como seria a integração de várias espécies animais e a melhoria das condições do pastoreio.
Uma gestão integrada do montado que visa a sua exploração económica por um lado, e a sua preservação e limpeza por outro, reforçaria o seu estatuto de “paisagem de valor natural elevado” (High Nature Value Landscape), tanto procurado pela sociedade nos dias de hoje.

Além disso, a disponibilidade de água para fins de regadio e as condições térmicas, resultado do efeito termo-regulador do mar, oferecem a esta região potencialidades únicas, que estão a ser exploradas de uma forma muito deficiente. Aí, a aposta na exploração de produtos hortofrutícolas num quadro de elevados padrões de qualidade dos mesmos e respeitador das exigências ambientais, em combinação com estruturas adequadas de comercialização, traria uma nova dinâmica a esta região que tem vindo a ser dominada pelas actividades do sector terciário.

O litoral alentejano não pode desperdiçar o aproveitamento das suas vantagens comparativas no sector primário, sob pena de ver explorada apenas uma pequena faixa à “beira mar plantado”.


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Com uma vasta superfície agrícola utilizada (SAU), de 258 mil ha., cerca de 7% da do território nacional, e com uma área florestal de 160 mil ha., perto de 17% da nacional, o distrito de Santarém possui inegáveis condições naturais, para o desenvolvimento das actividades agrícolas, florestais e pecuárias.

Dotado, fundamentalmente, de três zonas geomorfológicas, o "bairro", a "lezíria" e a "chameca", o território distrital, identificado culturalmente, quase na globalidade, com a região ribatejana, encontra-se hoje subdividido, em termos de planeamento, nas sub-regiões da Lezíria e do Médio Tejo, englobando ainda o concelho de Mação pertencendo à sub-região do Pinhal Interior.
Nesta caracterização regional, tomamos a liberdade de incluir Mação no Médio Tejo, decisão que facilitará esta análise e que decerto, também, não desagradaria aos seus responsáveis autárquicos.

Segundo o último Recenseamento Geral Agrícola realizado pelo lNE em 1989, e na ausência de outra fonte oficial de informação mais recente, verificava-se que, neste vasto território inserido na Bacia hidrográfica do Tejo, laboravam 42.794 explorações agrícolas, encontrando-se 54% no Médio Tejo e 46% na zona da Lezíria do Tejo. Em termos de dimensão média das explorações, no Médio Tejo existia uma área média de 5,4 ha por exploração, enquanto que na Lezíria a dimensão média das explorações era bastante superior - 14,7 ha.-. Por concelhos, as maiores explorações encontravam-se na margem esquerda do Tejo, nomeadamente nos concelhos de Chamusca, Benavente e Coruche, este, aliás, com a maior mancha agrícola e florestal do distrito.

Quanto à utilização do solo, quer a maior SAU, como, também, a maior área de matas e florestas encontravam-se na sub-região da Lezíria do Tejo, se bem que nesta fosse mais acentuada a predominância da superfície agrícola, evidenciando as grandes potencialidades do território para a agricultura.

Também no tipo de culturas praticadas na superfície agrícola utilizada nas duas sub-regiões, verificava-se uma inversão de valores, denunciando as diferentes práticas culturais existentes nos dois territórios. Assim, enquanto que as chamadas culturas temporárias representavam só 35% da superfície agrícola utilizada no Médio Tejo, estas na Lezíria, aproveitando as características dos seus solos, ocupavam cerca de 70% da mesma superfície. Em contrapartida, as denominadas culturas permanentes, representavam 65% da área agrícola utilizada do Médio Tejo, valor muito superior ao que se verificava na Lezíria. Esta concepção diferenciada das práticas culturais existentes nas duas sub-regiões, marca, decididamente, duas estruturas socioculturais distintas no território distrital.

Por concelhos, Santarém, Coruche e Benavente, detinham no distrito as maiores superfícies afectas à prática de culturas de cariz temporário, enquanto que os concelhos de Abrantes, Torres Novas, Almeirim e, de novo, Santarém, possuíam as maiores superfícies afectas às chamadas culturas permanentes.

Em termos de produção, predominam nas culturas temporárias os cereais para grão, as culturas forrageiras, as hortofrutícolas e hortícolas. Nas culturas permanentes, a vinha, a oliveira e os frutos secos eram os géneros que ocupavam maiores superfícies agrícolas. Nos cerca de 150 mil ha. de matas e florestas existentes no distrito de Santarém, o pinheiro, eucalipto e o sobro eram as espécies predominantes.

De um modo geral, e tendo em conta as potencialidades dos tipos de aproveitamento agrícola de ambos os sistemas culturais, pode-se considerar que na região existem condições bastante favoráveis para a vinha, cereais praganosos de sequeiro, culturas oleaginosas e proteaginosas, para o milho e para o arroz, e ainda para a oliveira, a fruticultura e a horticultura. Importa referir ainda, que em todo o ordenamento cultural do distrito de Santarém, a produção de forragens, quer nos regadios, quer nos sistemas de sequeiro, desempenha um insubstituível papel na rotação do ciclo produtivo dos solos.

Quanto à produção pecuária, e tendo como referência os valores do mesmo Recenseamento de 1989, verificava-se uma maioria de gado ovino no Médio Tejo, sobretudo nos concelhos de Abrantes, Tomar, Ourém e Torres Novas, enquanto que na Lezíria do Tejo os suínos era o gado predominante, com especial relevância nos concelhos de Rio Maior, Santarém e Cartaxo. No contexto global das espécies pecuárias do distrito, os suínos com 58,2% e os ovinos com 24,7% representavam os maiores efectivos pecuários.

Toda esta estrutura produtiva do sector primário, contribuía com cerca de 12% do VAB agrícola nacional, merecendo especial relevância, neste montante, o contributo da sub-região da Lezíria do Tejo, uma das regiões potencialmente mais produtivas do país. Quanto a produtos e em termos nacionais, são produzidos nestes terrenos ribatejanos, cerca de 50% dos horto-industriais, 41% dos hortofrutícolas, 22% do vinho, 16% dos hortícolas, 15% dos cereais, 27% da cortiça e 10% da madeira e resina.

Na produção pecuária, o distrito de Santarém destaca-se, em termos qualitativos, pela excelência dos seus efectivos bovino (15% do efectivo nacional) e equino, que lhe outorgam a primazia entre as regiões portuguesas da festa taurina com valor simultaneamente lúdico e económico.

Da conjugação de todos estes elementos e de muitas mais outras ilações que os valores dos quadros anexos deixam perceber, é evidente o considerável peso que o sector agrícola possui nesta região do Ribatejo, nomeadamente a sua vertente agro-industrial que, inegavelmente, poderá vir a desempenhar a função de "motor" do processo de desenvolvimento da região. Isto, claro está, se para além do aproveitamento das suas reconhecidas potencialidades endógenas, forem de vez assumidos e resolvidos colectivamente, um conjunto de problemas estruturais que, na prática, se têm traduzido numa manifesta incapacidade em algumas das produções agrícolas, pecuárias ou silvícolas se desenvolverem correctamente e atingirem produtividades competitivas.

Inquestionavelmente Santarém é uma região agrícola por excelência. No entanto, para uma maior valorização do seu contributo na agricultura portuguesa, toma-se necessário e urgente, a criação no sector agrícola regional de condições específicas que conduzam à diversificação da produção, ao aumento do produto e da produtividade e à modernização das tecnologias e métodos organizativos do processo produtivo. Tudo isto devidamente integrado numa estratégia de desenvolvimento sustentado, que tenha, também, em atenção a interligação e a complementaridade da actividade produtiva do sector agrícola com a indústria e o turismo do distrito de Santarém.

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…”

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COMENTÁRIO:

Não é fácil encontrar textos escritos sobre esta matéria, que não tratem apenas de uma forma técnica os sectores produtivos da agricultura e das pescas, numa abordagem depurada da visão política desta questão.

E a razão desse evento, para mim, é simples.
Porque toda esta problemática é uma Falácia Política Poderosa.
A título de demonstração simbólica do problema refira-se o valor do Ordenado Mínimo Nacional para os trabalhadores da Agricultura e das Pescas ser de montante inferior ao correspondente para a Indústria e para os Serviços.
Será este um factor relevante para a deslocalização de recursos e de mão de obra activa para os sectores secundário e terciário ??
(numa evidente procura de melhores condições de vida e de subsistência digna para os jovens trabalhadores)

É evidente que as consequências políticas desta Situação Estratégica do Estado têm a sua relevância para todos aqueles (transversalmente) que fazem da causa política o seu modo de vida e o seu estatuto de existência humana.

Toda a deslocalização de recursos do sector primário para os outros sectores da economia, sendo uma marca de referência do Crescimento e Evolução do Sistema Político do Estado, é um completo absurdo que só terá recursos de justificação e existência na actual situação de Portugal no seio da União Europeia – um país periférico, empobrecido nos recursos e na economia, pouco e mal organizado no aparelho político do Estado, que sobrevive numa situação política de anarquia e convulsões sociais permanentes.

Desta situação, criam-se condições naturais de lentificação política e económica de recuperação do atraso político, social e económico estrutural relativamente à maioria dos restantes países da União Europeia.

Também resulta daí a natural subjugação e dependência política do sector produtivo da Agricultura e das Pescas Portuguesas aos “Subsídios de Desemprego” (imposto e premeditado) da Comissão Europeia, numa clara política estratégica de enriquecimento económico e estrutural do Sector Primário dos países mais evoluídos economicamente do Mercado Único Europeu.

Ficando por compreender a natureza política desta Reforma Agrária no Espaço da União Europeia; ou, por palavras diferentes, a natureza desta Evolução Económica e Social do sistema político e dos Sectores da Actividade Económica no quadro do macro-sistema político e estratégico da União Europeia.
(falando em crescimento e evolução, claro…)

No entanto, a Agricultura tem Portugal cresceu (pouco mas significativamente) à custa de uma nova visão empresarial do negócio agrícola; fizeram-se emparcelamentos de terrenos e de produções (numa analogia empresarial com Cooperativas Agrícolas), mecanizaram-se processos, elevaram-se os salários dos trabalhadores, estabeleceram-se normas de horários de trabalho e de contratação colectiva e individual, melhoraram-se os mecanismos de transporte e colocação no mercado dos produtos agrícolas, generalizou-se a contratação de profissionais qualificados ao mesmo tempo que as qualificações académicas subiram de qualidade no conhecimento adquirido e na profissionalização.

Infelizmente, o Subsector económico das Pescas estagnou de forma preocupante.
(e aparentemente definitiva)

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Portugal vai crescendo lentamente (de forma tumultuosa) para um presumível estado de lucidez e consciência política, social e estratégica (para não falar de um “cidadão” já adulto e aparvalhado), presumivelmente com o sistema operativo apoiado na famosa política da “Sociedade do Conhecimento” em crescimento de implementação e de emprego útil e activo.

Esperemos todos (com algum bom senso histórico) que o resultado da sua aplicação nos traga a todos um futuro melhor para Portugal e para os Portugueses.

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(end of the item)

domingo, 22 de novembro de 2009

GLOBALIZAÇÃO E SECTORES DA ACTIVIDADE ECONÓMICA (1ª PARTE)

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O conceito de sectores da actividade económica corresponde a uma divisão artificial das actividades económicas de cada país, de acordo com a essência da tarefa em questão. Estarão no mesmo sector instituições que produzam bens ou prestem serviços de uma mesma classe, isto é, que apresentem entre si um certo número de similitudes.
Tradicionalmente (o critério deve-se originalmente a Colin Clark), divide-se a economia de cada país em três sectores:- o primário, que compreende as actividades ligadas à natureza, como sejam a agricultura, a silvicultura, as pescas, a pecuária, a caça ou as indústrias extractivas;- o secundário, no qual são englobadas as actividades industriais transformadoras, a construção, a produção de energia;- o terciário (ou dos serviços), que engloba o comércio, o turismo, os transportes e as actividades financeiras.
Foi já proposto por vários autores destacar do sector terciário o ensino e a investigação, que formariam o sector quaternário. No entanto, esta metodologia de contabilização das actividades económicas não tem sido grandemente seguida.
Existe uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua população activa pelos três sectores. De facto, quanto maior for a população activa a trabalhar no sector primário, mais atrasado economicamente deverá ser o país. À medida que ele se vai desenvolvendo, a sua população vai sendo transferida para os sectores industrial e de serviços. Em Portugal, essa tem sido a tendência já desde há vários anos.

(…)

De uma maneira geral, os efeitos da abertura das economias à concorrência internacional são positivos. A globalização dinamiza a competitividade e oferece novas perspectivas em termos de crescimento e emprego.
Não obstante, simultaneamente, esta abertura ao comércio mundial tem também efeitos nefastos no contexto económico. A intensificação dos fluxos comerciais implica, na verdade, uma maior concorrência dos sistemas socioeconómicos locais, nacionais e regionais, o que, inevitavelmente, afecta os sectores menos competitivos em que os custos de ajustamento (reconversão da mão-de-obra e das estruturas de produção) são consideráveis. Daí decorrem, designadamente, perdas por vezes importantes de postos de trabalho.

Para além dos fundos estruturais ou da estratégia europeia para o crescimento e o emprego, que constituem já uma resposta global ao nível da gestão e da antecipação dos desafios da globalização, a União Europeia (Comissão Europeia) estabeleceu um fundo específico com o destino essencial de evitar qualquer risco de empobrecimento individual de longa duração nos países constituintes do seu universo político, económico e social.

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Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Indicador, adoptado desde 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que engloba informações de âmbito demográfico, cultural e económico acerca de um determinado país, de modo a permitir comparar a nível mundial a realização das necessidades humanas consideradas básicas e prioritárias.
As variáveis para o cálculo deste indicador são três: a esperança média de vida, para medir a longevidade; a taxa de alfabetismo, para medir o nível de instrução; e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como indicador de rendimento.
O valor do IDH varia entre 0 e 1, sendo este último valor o que revela as melhores condições socioeconómicas, e por isso considerado um objectivo a alcançar por todos os países. Encontra-se dividido em três classes: é considerado elevado quando o valor é igual ou superior a 0,800; médio quando abrange valores entre os 0,500 e os 0,799; e baixo se for inferior a 0, 500.
Na generalidade, o Canadá, a Noruega e os Estados Unidos da América são os países que possuem os valores mais elevados no ranking mundial. Por outro lado, o Burundi, o Burkina Faso e a Etiópia são os que apresentam um IDH mais baixo.

(…)

BLOGUE “MAR REVOLTO”
Chama-se Globalização ao crescimento da interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre. Ora essa interdependência não seria por si só maléfica, se todos os países se encontrassem no mesmo patamar de desenvolvimentos económico e social, no entanto como todos sabemos existem na terra países pobres e países ricos, isto porque o meio-termo tende a desaparecer precisamente por causas imputadas à chamada globalização.

Os países ricos, as grandes potencias económicas, agem hoje em matéria de globalização como um polvo, estendendo os seus tentáculos sobre os países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, onde através das grandes multinacionais e a troco da criação de emprego sempre em moldes precários e explorando mão-de-obra barata vão usufruindo de todas as benesses fiscais e outras, (como em Portugal, a cedência a preços simbólicos de grandes áreas de terreno publico), oferecidas pelos governos centrais e pelas autarquias.

A globalização não afecta ou beneficia a todos de maneira uniforme: uns ganham muito, (as grandes potencias económicas) outros ganham menos, outros perdem, (os países mais pobres). Na prática exige-se mais produção a menos custo; ora isto só é possível com maior desenvolvimento da tecnologia ou então com mão-de-obra barata.

A mão-de-obra barata de trabalhadores sem qualificação ou menos qualificados é precisamente o que as grandes multinacionais procuram nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, trabalhadores não qualificados são vulneráveis fáceis de convencer e assim que os objectivos económicos da empresa são atingidos, os trabalhadores são facilmente descartados, a empresa fecha as portas e deslocaliza-se, vende as instalações e o terreno que adquiriu a preço simbólico, por bom preço.

Em conclusão não investiu nada, tudo foi lucro, não gerou riqueza no local onde se instalou, limitou-se a gerar desemprego e mais dramas sociais. É um problema nacional, dramático para os países mais pobres como Portugal, que perdem com a desvalorização das matérias-primas que exportam e o atraso tecnológico em que se encontram.

O relatório da ONU deste ano sobre o desenvolvimento humano, comprova que a globalização está a concentrar riqueza: os países ricos ficam mais ricos, e os pobres, mais pobres.

Há vários motivos para isso. Por exemplo: na redução das tarifas de importação, beneficiam muito mais os produtos que são exportados pelos países mais ricos, pois os mais ricos continuam a subsidiar os seus produtos agrícolas e outros, inviabilizando as exportações dos mais pobres. Abertura de mercados ao comércio internacional, a migração de capitais, a uniformização e expansão tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma frenética expansão dos meios de comunicação, são forças incontroláveis que mudam hábitos e conceitos, procedimentos e instituições.

O nosso mundo aparenta estar cada vez menor, mais restrito, com todos os seus cantos explorados e expostos à acção humana. É a globalização no seu sentido mais amplo, cujos reflexos se fazem sentir nos aspectos mais diversos da nossa vida económica, social e cultural. Portugal com os seus governos de direita (PSD/CDS-PP) ou de esquerda com politicas de direita (PS), tem permitido que as grades potências económicas através das suas multinacionais, bem como uma politica desenfreada de privatizações e um ataque sistemático aos direitos dos trabalhadores, tenham ao longo destes últimos anos criado uma situação de total descontrolo sobre o desemprego, o que levou a que se atingisse em 2006 a taxa de desemprego mais alta dos últimos 20 anos.

(...)
António Lemos


...”
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Referências Bibliográficas:

COMENTÁRIO:


Já anteriormente referi tratar-se este espaço de um “Blogue Temático” onde toma lugar destacado o paradigma político, social e económico deste tempo conturbado que caracteriza o início do século XXI denominado “Globalização”.

Constata-se (cada vez mais) tratar-se a Globalização de um processo transformador galopante da economia e da sociedade, e da política por arrastamento, e dos povos de todos os países do mundo.
Os países em vias de desenvolvimento (como é o caso de Portugal) são particularmente sensíveis a todos os processos e às consequências inerentes que caracterizam a “Dinâmica da Globalidade Económica”.

Ao mesmo tempo que toda esta “tempestade tropical” nos atinge no mais profundo âmago da nossa Comunidade Histórica da Cultura Portuguesa, assistimos a uma passividade de Política Cultural a todos os níveis da sociedade política, parecendo tratar-se de uma dinâmica política, económica e social de consequências difíceis de prever para o futuro, mas necessariamente trágicas.

Parece ser entendimento racional a existência de uma ideia pré-concebida ao nível da tradição política, cultural e académica de que a problemática associada a este tema (Globalização) é matéria consagrada às Elites Políticas, não parecendo (por essa via) necessário uma Informação Pedagógica ao Povo Português de todas as características, processos e procedimentos (tipo) associados a toda esta dinâmica global e envolvente que toma de assalto a sociedade, as famílias e as pessoas individuais na sua existência física e psicológica básica, elementar e fundamental a uma condição de sanidade pública saudável.
E o problema é de tal forma grave que se coloca ao nível da Infracção aos Direitos Elementares Consagrados na Carta dos Direitos do Homem.

Portanto, estando instalada em Portugal uma situação de Caos Político na sociedade (pela omissão do conhecimento necessário à compreensão dos novos processos e métodos da acção e conduta política), e não parecendo razoável colocar as pessoas comuns do povo português novamente nos bancos da escola (que, por sua vez, parece viver todo este processo de forma crítica pela acção operacional política e corporativa, ignorando uma função social de serviço público indiscutivelmente cúmplice do processo globalização), haverá lugar a uma actuação anónima de cariz eminentemente cultural que deveria ser considerada bem vinda pelas autoridades institucionais do Estado Português.

É curioso constatar-se o contrário, o que (normalmente) daria lugar a uma (auto) situação de Falência Política Conjuntural e Estatutária; Ética e Deontológica, concretizando-se num “Processo de Intenções” de caracterização indefinida, porque não explicado aos portugueses nos programas eleitorais dos movimentos de acção política, que, depois de sufragados, tomam assento nos lugares onde se tomam decisões inerentes aos três Poderes que caracterizam um Estado.

(etc. ……)

Uma última palavra de agradecimento aos autores (organizações privadas ou pessoas anónimas) que assumem neste espaço o papel de convidados para tomarem a palavra escrita e dissertarem sobre temas de importância crucial para o entendimento fluido e correcto das diferentes problemáticas inerentes ao Fenómeno Globalização.

No presente artigo foi iniciada uma aproximação genérica à influência das condutas políticas e económicas da globalização nos Sectores da Actividade Económica do Estado, abordando-se (em particular) a questão portuguesa.
Em próximos artigos abordar-se-á individualmente cada um dos Sectores da Actividade Económica neste contexto.




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domingo, 15 de novembro de 2009

GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA IV (CONCLUSÃO)

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"GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA"
Valmir Lima de Almeida
(4ª parte - conclusão)



O homem é um ser essencialmente social e político. Quando lhe falta esta compreensão ou quando nega esta condição, torna-se um ser amorfo, ausente, potencialmente manipulável, um mero ocupador de espaços físicos, ou simplesmente um conformado observador das decisões do mundo que o cerca. A compreensão da essencialidade política do homem torna-se exigência ao próprio entendimento da sociedade em que vive. Não há como separar, dissociar o indivíduo do seu meio social, não há como deixar de reconhecê-lo na definição ou emissão das acções políticas que definem a complexidade das relações de poder na sociedade.

A globalização trouxe o descercamento social, económico e político do mundo, mas não eliminou a intrinsidade do homem com seus valores, seus conflitos, seus anseios. Os cenários são outros, as exigências são diferentes, os desejos se alteram, mas os indivíduos não perderam a essência do pensamento e a mística de fazer história.

As análises aqui colocadas, nos conduzem a dimensionar quanto os indivíduos precisam superar as dificuldades de interpretação de uma nova ordem económica e social, para construir um processo de autonomia e alcançar a participação política na globalização. Este trabalho mostra que as dificuldades de compreender uma sociedade desregrada (como é a global), decorrem das limitações em tomar decisões, em eliminar comprometimentos com posições fragmentadas, em romper obstáculos ideológicos que surripiam a imprescindibilidade da participação política.

Assim sendo, é necessário que as relações de dominador e dominado, sejam democratizadas no âmago da globalização. Esta é uma compreensão óbvia, quando os indivíduos se deparam com dificuldades de participação política na globalização. Falta-lhes, como esta análise demonstra, alternativas políticas que os estreitem na solidariedade contra a exclusão social e os aproxime na humanização pessoal.

Os homens "globais", como evidencia o centralismo ideário deste texto, ainda não encontraram pontos de referências que os façam partes integrantes dos centros decisórios, ainda não aprenderam a lidar e decidir na complexidade das relações de dominação do mundo global. Não é de se estranhar, portanto, que ainda não saibam superar as suas dificuldades de participação política e vêem como uma exaustiva provocação a necessidade de assumir posições na sociedade globalizada.

As dificuldades de participação política dos indivíduos na sociedade global ocasionam reflexos profundos na conquista de uma autonomia cidadã e, como é mostrado nesta análise, lhes impedem de ascender aos discursos da conciliação das diferenças, do que é justo, possível e realizável, que sustentam ideologicamente a globalização. Conclui-se que os indivíduos ainda não têm domínio desta nova estrutura de práticas políticas, que se sustenta no uso do conhecimento e da destreza tecnológica. Assim são facilmente afastados dos centros decisórios do poder, tornam-se apêndices de uma elite deliberante que fez nascer, comanda e se mantém neste sistema de tutela política na globalização.

Todas as análises que se façam para compreendermos as dificuldades que têm os indivíduos de ascender politicamente na globalização, se identificarão com posições deste trabalho, que apontaram para uma desconstrução ideológica do mundo. Os indivíduos, como aqui fica evidenciado, precisam visualizar a multiplicidade de interesses que movem o mundo global. Necessitam compreender que vivem um novo tempo, que o processo social da globalização e o processo político se entrelaçam na angústia e incerteza das exigências globais, que a realidade da globalização impõe a formação de novos indivíduos, como novas ideias e novos objectivos.

Outro ponto determinante, essencial, do que aqui é exposto e que identifica as dificuldades de participação política na globalização, se refere ao despreparo dos indivíduos em entender que nenhum sistema, por mais materialista que seja, pode exclui-los das relações sociais que o mantém. Fica claro, igualmente, que todo o sistema social, económico é também político, que só se viabiliza pela acção dos indivíduos, seja pela submissão a interesses de mercado, seja pela necessidade de questionar as forças do poder político-decisório daqueles que comandam a globalização.

Ao buscar as razões das dificuldades de participação política dos indivíduos na sociedade global, questão central desta análise, necessariamente conclui-se que na complexa e contraditória realidade social da globalização, os indivíduos precisam encontrar pontos de referências de actuação de cidadania nos formatos da própria sociedade globalizada, que necessitam lutar por autonomia e buscarem os espaços de participação política nos limites de cada instituição, que forma o gigantismo desfronteirizado do mundo global. Os indivíduos têm dificuldades de participação política na globalização, porque precisam ainda compreender que é nos centros decisórios do poder político, isto é, no interior das instituições organizadas que se definem as relações de dominação do mundo global.

Os indivíduos precisarão ainda discernir, e esta é uma dificuldade de participação política, que a inserção social na globalização não acontecerá, como demonstra este trabalho, sem o afastamento da passionalidade ideológica, da ortodoxia religiosa, de posições segregacionistas, que os tem impedido de compreender novas acepções de mundo, de entender novas realidades e com elas interagir no contexto da globalização.

As possibilidades de um projecto pessoal ganhar efeito na globalização são incipientes desejos de quem o propõe, se não vir alicerçado na consciencialização da participação política. Esta consideração é ponto crucial deste trabalho, no sentido que o grande problema da ascensão do indivíduo, enquanto cidadão, na globalização está no seu descompromisso político com a realidade que o cerca, na sua ausência na tomada de decisões, na sua passividade frente às mudanças e transformações, que vão com rapidez alucinante criando e recriando novas formas de vida e exigindo novos modelos de comportamento social.

Assim, resta concluir que a superação das dificuldades de participação política na globalização, só acontecerá quanto os indivíduos forem capazes de discernir entre o que é apregoado e o que de real acontece nas relações de interactividade universal. Quando conquistarem o entendimento político, que o mundo da globalização é, com certeza, o do domínio da ciência e da técnica, mas é também os seus mundos, onde ocorrem suas relações de homem e cidadão.

A superação das dificuldades de participação política na globalização acontecerá quando o mundo global para os indivíduos se tornar familiar, quando for vencido o servilismo político, o desregramento social, que ao homogeneizar diferenças revelou a universalização das desigualdades.

…”


………………..


COMENTÁRIO:

Pareceu-me importante este trabalho porque se acondiciona num estudo de mestrado em ciências sociais, porque corre os seus termos culturais no mundo académico, e porque dá respostas objectivas a grandes questões da actualidade que se tornaram o paradigma político do tempo actual.

Naturalmente que a participação política do cidadão desta época não é de menor e inferior importância relativamente a todos os tempos anteriores, tornados distantes numa lógica de Eras Políticas.

A participação política é de crucial importância para a implementação do “Regime Global”, e isso é indiscutível.
Mas também o é de que o “Tempo Global” é incontornável na história moderna da humanidade; e tornou-se um desafio para o homem, e um acontecimento político de superação imprescindível para a sobrevivência das sociedades e dos povos segundo o padrão cultural basilar que os sustenta.
Para esse desígnio é necessário e crítico que o cidadão desta época e deste tempo se adapte a uma nova ordem política, a interiorize e consiga superar os desafios que se colocam neste tempo global.
É, pois, necessário que o homem coordene e determine a marcha do tempo superando o desígnio natural da “máquina gigantesca” da Globalização.

E para esse evento a única solução disponível chama-se Participação Política do Cidadão Globalizado.


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domingo, 8 de novembro de 2009

GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA III

http://fjjeparreira.blogspot.com


……………

“…

De:


"GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA"
Valmir Lima de Almeida
(3ª parte)


As diversidades étnicas, culturais, económicas e políticas que compõem o mundo global, na verdade não são diferenças entre espaços físicos da globalização e sim entre indivíduos que têm línguas diferentes, costumes diferentes, grau de desenvolvimento social diferente e principalmente pensam diferentemente.

A heterogeneidade de conceitos entre indivíduos na globalização cria grandes barreiras para o enfrentamento de desafios como a humanização das decisões económicas, a diversidade cultural, científica e tecnológica, ainda presas a uma sociedade tradicional, que não consegue superar as diferenças étnicas e políticas, que segregacionam os homens nos limites do desejo e do consumo provocados na multiplicidade de interesses do mundo global.

Observa-se que as dificuldades de participação política na sociedade global, decorrem de dois aspectos que precisam ser considerados: os de ordem pessoal e aqueles que vêm de uma conjuntura política que englobou ideias, mas não ensinou a pensar.

Criou-se assim em torno dos indivíduos o mundo das ansiedades. No aspecto pessoal, por exemplo, como superar a ânsia do consumismo, que lhes alfineta a realidade económica e os conduz ao sonho do impossível ou à impossibilidade de satisfaze-lo plenamente?

No âmbito político, o objectivo é desconsiderar toda a forma de organização que não considere a realidade da desigualdade social, como resultado das diferenças históricas, étnicas ou económicas, entre os povos. No aspecto cultural a miscigenação de valores globais ainda não aconteceu. Não há claramente definida uma cultura global, que possa dar ao indivíduo uma identidade de cidadão do mundo.

A indústria cultural adquire alcance global, na dimensão do interesse económico que a sustenta, também pela sobreposição de valores e objectivos das classes dominantes e, torna-se um desafio à vida do indivíduo quando já consegue comandar o seu modo de informar-se, divertir-se e pensar os problemas reais ou imaginários.

A participação política na globalização passa pelo desafio do indivíduo compreender, como destaca Octavio Ianni (1995, p. 186), que a mesma racionalização que articula progressivamente as mais diversas esferas da vida social, acentua e generaliza a alienação de uns e outros, também em âmbito universal. A marcha da racionalização caminha de “par-em-par” com a alienação, uma e outra determinando-se reciprocamente.

Indivíduos que têm dificuldades de conceber a sociedade globalizada na sua pluralidade de interesses, que sejam despreparados intelectualmente, com certeza não encontram parâmetros de compreensão entre as condições de alienação e as possibilidades de autonomia política na globalização.

Considerando-se a frequente lentidão com que se modifica a identidade de inúmeras pessoas e o desejo intenso que muitas delas sentem de re(afirmar) seu controle sobre as forças que moldam sua vida, é provável, admitem os globalistas, que as complexidades da política da identidade nacional persistam.
Porém, somente uma visão de política global pode vir a se adaptar aos desafios políticos de uma era mais globalizada, marcada por comunidades de destinos que se sobrepõem e por uma política multiestratificada (local, nacional, regional e global).

Os indivíduos são peças ou partes de órgãos em constantes deslocamentos pela aldeia global. Mesmo que não saiam dos lugares onde vivem, sofrem os efeitos estonteantes da imensa cadeia de informação disponível, veiculada em escala planetária, que os conduz, aleatoriamente, a valores globalizantes.

A supremacia do poder económico de uma camada social minoritária, que se utiliza de instrumentos especulativos da globalização, coloca para o indivíduo a realidade de que enquanto a economia melhora, o social piora.
O desafio está em encontrar formas de participação política, que possam levar a uma nova concepção acerca da transformação social, que sejam práticas diferenciadas, flexíveis, simultaneamente locais e globais.


…”
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COMENTÁRIO:

Não é com remédios caseiros e mesinhas que se resolvem os problemas decorrentes do fenómeno mundial e transversal aos povos chamado Globalização.

Mas os contributos são importantes.

O objectivo primordial destes textos é precisamente esse, ajudar a construir uma consciência política e social nas pessoas que constituem uma comunidade que vive este problema como a sua realidade natural de todos os dias.

Realidade essa que transbordou a normalidade política para se transformar num (profundo) processo de intenções com contornos mal definidos, aparentemente transtornado e irresponsável, que idealiza uma profunda alteração na Ordem Política do Estado de Direito Português, pela alteração das Regras do “Jogo Democrático”.

E o Processo atrás descrito (resumidamente nas suas linhas gerais) transformou-se numa “Guerra Política e Social” com consequências completamente imprevisíveis.

(embora a “Maioria do Povo Português Esteja de Acordo com as Medidas Ora Tomadas”…)

O que se trata de uma Falácia Perigosa para o regime político e para o Estado, na medida em que altera a ordem natural dos seus Poderes, pela subversão do seu funcionamento regular e democrático.

Mas o problema maior coloca-se ao nível da Segurança e Defesa do Estado.

A Segurança Interna, na dependência directa do poder político, fica completamente imobilizada e subvertida às regras dos interesses da política e dos seus “valores regionais e temporários”.

A Defesa Nacional (politicamente independente), pilar supremo do Estado/Nação, é compelida a “Ausentar-se” das suas funções normais e naturais de resguardo da integridade nacional.

Enfim…

Resta a Cultura, como bem precioso à emancipação intelectual dos portugueses, ao seu esclarecimento político e à sua tomada de posição.

Porque é neste campo que se desenrola o “Teatro de Operações Político”.


etc. ………………..



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domingo, 1 de novembro de 2009

GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA II

http://fjjeparreira.blogspot.com





"GLOBALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA"
Valmir Lima de Almeida
(2ª Parte)


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"...

De:

http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/valmir.html



Criado com o objectivo principal de combater o Estado intervencionista e de bem-estar, o Neoliberalismo tem suas origens no pós Segunda Guerra Mundial, notadamente na Europa e na América do Norte. O texto que lhe serve de base foi "Caminhos da Servidão" de Friedrich Hayek.

Segundo Emir Sader (1996), o expansionismo das idéias neoliberais começa realmente a acontecer e ser sentido a partir do início da década de 70, do século que passou. Destaca que o primeiro governo a por em prática o programa neoliberal foi de Margareth Tatcher em 1979, na Inglaterra. Conforme o autor, mais tarde os princípios neoliberais ganharam espaços em escala mundial, com os governos de Reagan em 1980 nos Estados Unidos, Helmuth Khol em 1982 na Alemanha e de Schluter na Dinamarca em 1983.

Consolidavam-se a partir de então os ideais de estabilidade monetária, contenção do orçamento, concessões fiscais e abandono do pleno emprego, princípios básicos do neoliberalismo e que serviriam de discurso ideológico e de sustentação política para a globalização económica.

"O neoliberalismo produziu um retrocesso social muito pronunciado, com o agravamento das desigualdades em todos os lugares em que ele foi implantado. Não obstante logrou êxitos relativos no controle da inflação e na imposição de certos mecanismos de disciplina fiscal."

O discurso político neoliberal cria no indivíduo o conceito de Estado-moderno, despatrimonializado, que deveria ter como meta principal a contenção do grande surto inflacionário dos anos 70. Não importava aos neoliberalizantes a participação política dos indivíduos no sistema e sim a adesão incondicional, acima de tudo, na efectiva organização de um Estado burocrático, que eliminasse as influências dos grupos tradicionais de poder.

O neoliberalismo passou a deslocar as possibilidades de soberania para as organizações e entidades de âmbito global. Estas, e não mais o indivíduo ou grupos de indivíduos, passam a organizar e dirigir o chamado Estado-moderno com o apoio dos poderosos conglomerados económicos que o conduz.

Levada às últimas consequências a tese do neoliberalismo de modernização do mundo impossibilitou a participação política do indivíduo, que tencionado pela ameaça constante de desemprego, passa a desacreditar do movimento sindical, das entidades de classes, até então centros formadores de lideranças políticas.

Com o neoliberalismo, como destaca Perry Anderson (1996, p. 22), pela primeira vez, o indivíduo passa a conviver com um movimento ideológico verdadeiramente mundial. Com isso, perde o proteccionismo, quase sempre eleitoralista, dos grupos locais que ditavam os rumos económicos e as regras de vida nos limites territorializados dos seus currais eleitorais. Se antes a participação política "vinha" pelas mãos das oligarquias, agora terá que vir pelo rompimento das amarras do poder económico e pelo convencimento e a imposição de idéias.

"A nova concepção económica imposta pelo neoliberalismo reinterpreta o processo histórico de cada país: os vilões do atraso económico passam a ser os sindicatos e junto com eles, as conquistas sociais e tudo que tenha a ver com a igualdade, com a equidade e com a justiça social".

Os indivíduos são condicionados a acreditar que somente uma economia de mercado mundial, será capaz de modernizar o aparelho estatal, aumentar a produção e trazer melhores condições de vida.

Não importa ao neoliberalismo outros modelos de desenvolvimento, que não o de Estado mínimo, privatizante, de exclusão social, insensível à generalização da pobreza. Os indivíduos empobreceram económica e politicamente.

O empobrecimento político vem pelo apressamento da ânsia da sobrevivência que elimina ou faz esquecer as lutas por melhores condições de trabalho e salário. Passa a prevalecer a valia de ter trabalho e não emprego, como tal, os indivíduos perdem a força de enfrentamento classista e ideológico que existia nos limites da fábrica. Pode-se dizer que perdem a sua arena de luta e passam a conviver com a abstracção operacional do mercado.

A nova ordem económica provoca a proliferação do desemprego, que desestabiliza a condição de trabalhador do indivíduo e traz reflexos imediatos no exercício da cidadania na sociedade globalizada. A falta de participação política do indivíduo na globalização tem uma relação directa com o agravamento das desigualdades sociais e económicas resultantes da prática neoliberal. Os princípios neoliberais tornam-se excludentes, muito em função das dificuldades dos indivíduos inserirem-se politicamente nos propósitos de uma nova estrutura social.

À medida que o neoliberalismo foi se desenvolvendo, outras formas de organização social, de técnica de trabalho e produção foram acontecendo, exigindo condição de autonomia dos indivíduos em assumir novas posições sociais e políticas. Evidenciam-se então as dificuldades, as limitações dos indivíduos em assumir responsabilidades de decisão, de escapar do determinismo colectivo da globalização e encontrar caminhos de participação política.

As amarras neoliberais, eficazes na alienação política, não sofrem ameaças de rompimento, porque o indivíduo perdeu a referência do associativismo, do viés cooperativista, da resolução dos problemas sociais pela praxis da política.

Com o neoliberalismo o indivíduo passou da condição de activista para adesista. As adesões passaram a ser de todos os tipos, de todas as formas. Económicas pelo desejo avaro e incontrolável do consumo; políticas pelo despreparo em enfrentar as dificuldades de participação nas decisões da sociedade globalizada.

O discurso neoliberal não encontrou dificuldade em cooptar adesões políticas. Conservadores e liberais, que passaram séculos buscando estabelecer suas diferenças, começaram a encontrar semelhanças que não imaginavam existir. Por sua vez, os opositores, convictos ou não, foram incapazes de encontrar um contraponto aos princípios neoliberalizantes.

O neoliberalismo sobreviveu a si mesmo pela incapacidade da esquerda, até aqui, em construir formas hegemónicas alternativas para sua superação que articulem a crise fiscal do Estado com um projecto de socialização do poder, que desarticule ao mesmo tempo as bases de legitimação do neoliberalismo, entre elas a passividade, a despolitização e a desagregação social.

Ao mesmo tempo em que se dava a penetração neoliberal em todos os sectores da sociedade, ocorria a dilapidação das instituições do Estado, que se tornam incipientes organismos frente à globalização que se instala na máquina pública. As comunidades, consequentemente, os indivíduos tornam-se acessórios de um projecto global, que não lhes reserva espaços de participação política. O Estado neoliberal, ressalta Emir Sader (1996), deveria ser forte no rompimento com os sindicatos, no controle do dinheiro, nos gastos sociais e nas intervenções económicas.

A prática política neoliberal acerca da transformação social, fundamenta-se na exclusão dos indivíduos dos centros decisórios. Os conceitos de liberdade, de democracia e a própria condição de cidadão, deterioram-se no despreparo dos indivíduos de encontrar formas de participação política.

A realidade que cerca o indivíduo é de um mundo global de extremas diferenças económicas. Há um constante distanciamento entre os que detêm a concentração da riqueza e aqueles que vivem em absoluta condição de pobreza. Cada vez mais os pobres tornam-se indigentes e os ricos magnatas.

A globalização económica cria um mundo mais abastado para alguns, a custa da pobreza crescente de outros. Ela é responsável pela globalização crescente da pobreza e ao menos que seja refreada, um novo barbarismo irá prevalecer, à medida que a exclusão social e o desmonte social envolverem o mundo."

A aceitação, praticamente, incondicional quase natural do segregacionismo ideológico neoliberal, fez o indivíduo deixar de acreditar ser possível intervir politicamente, no determinismo económico do neoliberalismo. Trouxe o comodismo individual para um contingente globalizado que passou a ver suas dificuldades de participação política, mais como problemas pessoais do que colectivos.

A sociedade global consegui criar a magia, que sob o ponto de vista económico, tudo se resolve ou deve ser decidido pela via do neoliberalismo. No que tange as questões sociais, estas não têm vias globais de resolução, são resultado do atraso cultural, da insipiência tecnológica e de governantes corruptos do Terceiro Mundo. Os neoliberais afirmam que os indivíduos devem ter é iniciativa económica, assim podem superar a condição de exclusão social, vencer as barreiras que os afastam dos centros produtivos e conquistar, naturalmente, espaços de ascensão política na globalização.

Evidencia-se a partir desta compreensão ou doutrinação neoliberal, que o problema da falta de participação política do indivíduo na globalização, não deve ser atribuído aos deslimites económicos do neoliberalismo e como tal não pode buscar suas causas no capitalismo especulativo por ele gerado.

O mundo global financeiro fez do indivíduo um amontoado de números, são senhas infinitas, cartões múltiplos, tudo para fazê-lo crer que é único, singular, não comparável com outro globalizado. Este é um princípio neoliberal, fazer as pessoas acreditar que não devem se preocupar com o contexto, com a organização conjuntural da sociedade, num claro contra-senso ao globalismo que apregoa.

Retira-se, assim, pontos convergentes, problemas comuns, anseios colectivos, que normalmente conduzem à participação política. Distanciar o indivíduo da sua realidade social e económica, é um grande instrumento de estratégia neoliberal, que é utilizado quando se busca explicar as dificuldades que enfrenta para inserir-se socialmente e politicamente na globalização.

A contextualização globalizada da questão social, induz o indivíduo a não perceber as dimensões globais de sua existência, as potencialidades de sua condição de cidadão. "Juntamente com o que é local, nacional e regional, revela-se o que é mundial. Os indivíduos, grupos, classes, movimentos sociais, partidos políticos e correntes de opinião pública são desafiados a descobrir as dimensões globais dos seus modos de ser, agir, pensar, sentir e imaginar."

Para os neoliberais, essas são razões que mostram o despreparo político do indivíduo em construir autonomia e adquirir condições de demarcar limites, entre a globalização económica, que é o mundo neoliberal, e a participação política na globalização, que deve ser uma tarefa doméstica, individual, de controle local de cada indivíduo.

No entanto, os indivíduos enfrentam enormes dificuldades para ter domínio do que sugerem os neoliberais. Isto porque, como destaca DREIFUSS (1996, p.153), os indivíduos vivem uma globalização que se organiza e se faz a partir de mega espaços urbanos, diferenciados por sua localização física e sua história.

Buscar essas diferenças no âmbito da geopolítica que os cerca, é um caminho que pode conduzir os indivíduos à participação política. Para tanto, é necessário aprender a desterritorializar decisões, definir acções políticas que alterem estilos de comportamento, hábitos, padrões e especialmente mentalidade em relação a doutrina neoliberal. "Hoje precisamos de uma nova concepção acerca da transformação social e da prática política. Necessitamos de práticas diferenciadas, flexíveis, movimentistas, simultaneamente local e globais."

A questão maior não é o extermínio da política neoliberal e sim como enfrentar politicamente os efeitos nocivos da globalização, dos desníveis económicos e da exclusão social.

A globalização não tem preocupação com a preservação do mundo cultural do indivíduo. O neoliberalismo, por sua vez, exige diversidade “mercado-lógica”, quer um indivíduo desenraizado culturalmente, aposta na possibilidade de aliená-lo politicamente. Surge deste contexto as dificuldades que tem o indivíduo de associar as funções de cidadão e as de manipulado pelas referências e etiquetas neoliberais.

Desta dualidade surgem os "incapacitados" políticos, que por não se integrarem no projecto ideológico do neoliberalismo, destoam da configuração integradora e modernizante da globalização.

O neoliberalismo é um processo ideológico, aceitá-lo ou combatê-lo, requer posicionamento político frente aos princípios que o norteiam, proposição de alternativas ainda não experimentadas, que não centralizem na economia de mercado, o campo para a resolução de todos os problemas da vida dos indivíduos.

É necessário exercer o que GIDDENS (1996, p.130), chama de democracia dialógica, que não está centrada no Estado, mas sobre ele retrata de maneira significativa, cria formas de intercâmbio social e pode contribuir para a reconstrução da solidariedade social.

A proposta da busca da solidariedade humana, justifica-se à medida que é impossível imaginar, por mais convincentes que possam ser os ditames neoliberais, a globalização apenas no aspecto económico. Não há como deixar de reconhecer, que o neoliberalismo se mantém em função das nações, das sociedades e fundamentalmente dos indivíduos.

É na complexidade da interdependência indivíduo-globalização, que nascem e se fortalecem as relações globais. As grandes mudanças, as grandes transformações do mundo, não dependem apenas de princípios neoliberais para acontecer, mas também da superação das dificuldades de participação política e a busca constante de autonomia dos indivíduos na sociedade global.

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COMENTÁRIO:

O principal factor que caracteriza todo o Processo Político denominado Globalização é o Estado de Confusão Ideológica.

A Direita (e Extrema-Direita) Política sabe que “Não Concorda”, pouco importando o princípio político e ideológico a que obedece tal raciocínio.

De resto, a Ideologia Conservadora bate-se tenazmente pela diferenciação da Política Neoliberal.

O Liberalismo Clássico vive uma espécie de tormento pela confusão política natural com a sua homónima política.

A Social Democracia e a Democracia Cristã odeiam o Neoliberalismo.

(…)

Por sua vez, a Esquerda Política perdeu capacidade de intervenção pela harmonização política da massa popular promovida virtualmente a Cidadãos com Direitos Sociais e Económicos.
(quando parece ser exactamente o contrário, ficando uma visão marcadamente economicista e mercantilista da vida comunitária da população trabalhadora activa)

Ou seja, Ninguém concorda com a Visão Neoliberal do Estado.

Mas levantam-se dúvidas pertinentes quanto a uma Solução Política Eficaz para o Impasse criado à volta de uma Onda Globalizante Geral e Inevitável .
(global, como o próprio nome indica)

De uma maneira geral, pontifica o raciocínio e prática política efectiva e corrente de que é possível Frenar um Processo Imparável na História Futura dos Povos do Mundo.

Mas soluções políticas efectivas não são procuradas nem existem, na realidade.

Para fazer face a esta problemática, nasceu na Europa uma nova versão política para a palavra Liberalismo, de seu nome Liberalismo Social.

Sem querer dar explicações ingénuas sob a forma de apologia de uma corrente política (tarefa que deixo para os especialistas políticos), parece ser importante referir que “Esta” será a “saída” política natural e possível para um Impasse que pode ter consequências nefastas para todos os Regimes Políticos Ocidentais que professam a Economia de Mercado, a Livre Concorrência e a Livre Circulação de Pessoas e Mercadorias, ao mesmo tempo que preconizam Direitos, Liberdades e Garantias Sociais para os seus Povos e Populações.

O Liberalismo Social (na generalidade) mistura práticas políticas liberais e neoliberais com preocupações e práticas de integração política, económica e social das populações.

Dessa forma ultrapassa assimetrias económicas e sociais que resultam directamente da prática política neoliberal.

Por outro lado, o Estado configura um protagonismo político perdido na “Gestão Neoliberal”; com esse evento, cresce e floresce a Participação Política e a Cidadania, condições necessárias e suficientes para a manutenção e sobrevivência política da Democracia.


(…)



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